Quando se fala de Geografia em Portugal, os nomes Orlando Ribeiro, Raquel Soeiro de Brito (a primeira doutorada em Geografia em Portugal) e Suzanne Daveau são incontornáveis, e foi a partir da história de vida da franco-portuguesa que Luísa Homem assinou um documentário com sensivelmente duas horas, o qual por entre as próprias palavras da nonagenária, filmagens em Super 8mm e muitas fotografias levam até ao espectador, não apenas um retrato da própria, mas das épocas por quais passou, além de algumas reflexões sobre o seu trabalho, o progresso científico e a geografia como ciência.

Cronologicamente construído aos ziguezagues e vagueando por temas que vão da esfera científica à social e política (fala-se da condição da mulher, colonialismo, etc), “Suzanne Daveau” é um objeto modesto mas indispensável para qualquer académico da Geografia e História. É aliás a própria que o diz durante um momento desta espécie de entrevista sem que as  perguntas surjam explícitas no ecrã, que tudo o que contribuiu para esta ciência terá mais aplicação pelos atuais historiadores que os geógrafos – lançando igualmente nas entrelinhas algumas farpas sobre a permanente especialização dentro dessa ciência, que inicialmente caminhava com a sua vertente física e a humana de mãos dadas. 

Tecnicamente simples em toda a sua construção, este bouquet de informação biográfica convencional demonstra ser um objecto que não ganha especial mais valia ao ser vista no grande ecrã, ao contrário de outros trabalhos de maior espectacularidade (e orçamento) como o recente “Fire of Love” – que une ciência, amor e risco para contar a história de Catherine Joséphine “Katia” Krafft e Maurice Paul Krafft, vulcanólogos falecidos em 1991.

Pontuação Geral
Jorge Pereira
suzanne-daveau-timidez-e-aventura-em-documentario-singelo“Suzanne Daveau” é um objeto indispensável para qualquer académico da Geografia, mas igualmente de História.