Não é spoiler afirmar que o ponto de chegada do eletrizante “The First Omen” (“O Génio de Mal: O Iníciopt/ “A Primeira Profeciabr) é um nome: Damian Thorn. É como o Anticristo se chama. A sua figura é o ponto de chegada desta prequela ambientada em Itália, em 1971. Pouco se adentra na psique da sua protagonista, uma noviça, Margaret Daino (vivida sem esmero por Nell Tiger Free), porém, muito se aprende sobre o universo que cerca a conceção do miúdo que impulsiona um clássico do horror. Richard Donner (1930-2021) foi o artista convocado para dar um timbre de realismo ao horror no meio à movimentação política da Nova Hollywood e fez, em 1976, um misto de fantasia (demoníaca) e thriller de suspense. O “The Omen” original teve um orçamento de 2,8 milhões de dólares, compensado, e muito, por receitas de 60 milhões de dólares. Agora, o novo título da franquia, sob a realização de Arkasha Stevenson, tem um custo de 30 milhões de dólares e se calça numa sofisticada engenharia de direção de arte e design de produção.
Aaron Morton assina a direção de fotografia, iluminando locações na região italiana de Viterbo com base no chiaroscuro dos mais barrocos. Não existe medo dos excessos na narrativa de Arkasha, pois cada cor é retinta e cada detalhe dos set é rebuscado.

Na trama, Margaret vai a Roma para integrar o corpo de freiras de um orfanato. Uma série de manifestações do Além levam-na a descobrir uma conspiração que envolve a chegada do herdeiro do Diabo, o que há de macular muitos ventres – inclusive de jovens em apuros. Um cardeal (Bill Nighy) será o único ponto de acolhimento da cruzada de Margaret, ao contrário do que se espera das madres com quem trabalha. Sonia Braga vive uma delas, das mais soturnas.

Não faltam jump scares a “The First Omen“, o que exige da montagem um ritmo apurado, que jamais descarrilha, mas não atenua a inaptidão do seu guião em lidar com a falta de ambição dramatúrgica da personagem central, mal escolhida e mal delineada nas suas falhas trágicas e potências. Mas os bons elementos da cartilha do assombro estão todos bem postos, no lugar. Ou seja, o susto é garantido.

Pontuação Geral
Rodrigo Fonseca
o-genio-do-mal-o-inicio-garantia-de-sustos-ausencia-de-invencaoNão faltam jump scares a "The First Omen", o que exige da montagem um ritmo apurado, que jamais descarrilha, mas não atenua a inaptidão do seu guião em lidar com a falta de ambição dramatúrgica da personagem central