Não podemos garantir que nenhuma bebedeira foi evitada para fazer este “Druk” (Another Round), drama com vários toques de comédia em torno de um grupo de homens de meia idade que decide experimentar a teoria de um filósofo norueguês que afirma que o homem nasce com um nível de álcool no sangue muito baixo, precisamente 0,5º a menos do que o ideal.

Inspirados por essa teoria, e principalmente focados no deprimido e deprimente Martin (Mads Mikkelsen), o grupo de quatro amigos, todos professores com o desejo de escapar da rotina diária, começam a experimentar grandes quantidades de álcool, e os primeiros resultados da experiência são animadores, injetando energia nas suas vidas e galvanizado os alunos com mais confiança e entusiasmo do que o normal. Neste ponto, “Druk” funciona essencialmente como uma comédia adulta de plena celebração ao álcool, à amizade, vida e masculinidade; o verdadeiro “sugar o tutano da vida”, como diria Robin Williams em “Clube dos Poetas Mortos”.

Mas, como seria de esperar, até porque o arco narrativo é dos mais previsíveis e convencionais, a certo ponto o consumo do álcool começa a trazer problemas ao grupo. Thomas Vinterberg – famoso por gostar de destruir festas – não decide cair em moralismos, ou tão pouco no humor negro que normalmente gosta de aplicar (“A Festa“; “Dear Wendy“; “A Comunidade“), preferindo antes um registo simples permanente, quer nos risos, muito baseados nas tropelias do grupo sobre o efeito do álcool, quer nas lágrimas, onde toca ao de leve no problema da adição e mais intensamente naquilo que é incontrolável nas nossas vidas.

No fundo, em todo este “Drunk” existe um verdadeiro sentimento de filme comercial com algo para dizer e muito para entreter, onde uma seleção de imagens de líderes mundiais bêbados entrega ainda ao espetador um registo documental irreverente que encaixa na perfeição nesta viagem ao fundo dos copos.

Uma nota final e especial para o trabalho de Mads Mikkelsen no centro da história. É com Vinterberg que ele consegue as suas melhores interpretações (“A Caça”) e o seu momento final é de um absoluto brilhantismo.

Pontuação Geral
Jorge Pereira
Guilherme F. Alcobia
Rodrigo Fonseca
Fernando Vasquez
another-round-um-mads-mikkelsen-de-luxo-em-celebracao-a-vidaMais convencional que o habitual, Thomas Vinterberg entrega ao espectador uma verdadeira celebração ao álcool, à amizade, vida e masculinidade.