“Vocês agora precisam de uma história de sucesso, não é Sr. de Mello?“, diz o General Xanana Gusmão (aqui representado pelo ator Pedro Hossi), aquele que viria ser o presidente do Estado Independente de Timor-Leste, após 25 anos de ocupação da Indonésia, a Sérgio Vieira de Mello, enviado da ONU.

O pacificador é aqui relembrado das grandes falhas que a sua organização cometeu nos conflitos da Bósnia-Sérvia e no genocídio silencioso do Camboja. Mas a denúncia não é mais do que uma “quase” conversa de café, porque para cada risco, há que haver uma segurança nesta biografia-homenagem. Isto tudo para rematar que a libertação de Timor do domínio indonésio foi um dos grandes troféus da ONU.

Sergio é a segunda incursão do Greg Barker no seu constante debruçar na vida do lendário diplomata. A primeira foi um documentário de 2009 que corresponde as essas iluminações de tributo, enquanto que esta ficção protagonizadoa por Wagner Moura (A Tropa de Elite, NarcosA Praia do Futuro) revela ser um atalho demagógico.

Por entre os academismos e as confortabilidades narrativas, que vão se atrapalhar por uma espiral de flashbacks em modo “salta-pocinhas”, o filme parece nunca encontrar o seu intencional “vento”. Devido a essa enchente de informação em linhas rotineiras, as personagens nunca se desenvolvem para além do mero esquematismo, sendo o romance, que aqui encontra a sua ênfase, dilacerado pela mesma leveza e falta de química entre os dois atores (Ana de Armas é a outra face dessa história de amor).

A martirologia da sua figura, assim como a “santificação”, tornam-se castradores da coragem que esta produção poderia demonstrar e, tal como muitos dos trabalhos efetuados pela ONU neste Mundo fora, prefere-se simplesmente a negociação em meios termos. É um filme passivo e igualmente desaproveitador para com o material à disposição. Um desperdício de atores e potencialidades que a história poderia suscitar.

Pontuação Geral
Hugo Gomes
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