Ainda nas salas de cinema com “A Sombra de Caravaggio”, Riccardo Scamarcio vai expandir a sua visibilidade nos ecrãs portugueses com a chegada de um novo filme onde volta a ser o protagonista. Desta feita, o italiano não atua apenas em “Corrida Para a Glória”, um drama baseado em factos verídicos passados durante o Campeonato do Mundo de Ralis de 1983. O ator de filmes como “Três Andares”, “Mistério em Veneza” e “John Wick” escreveu e produziu este projeto que conta a história do confronto entre a Equipa Lancia, liderada pelo carismático Cesare Fiorio, e a poderosa Equipa Audi, encabeçada por Roland Gumpert.
Foi na Festa do Cinema Italiano, onde “A Sombra de Caravaggio” teve a sua antestreia nacional, que tivemos oportunidade de falar com Scamarcio sobre este “Corrida para a Glória”.
O que o atraiu neste “Corrida Para a Glória” e o que o apela para avançar para um projeto?
Bem, eu sei tudo sobre ralis e o campeonato. É algo que adoro. Mas, neste caso, apaixonei-me pela história de Cesare Fiorio, um verdadeiro underdog. Era alguém que se suplantou, mesmo com menos dinheiro e um acesso limitado à tecnologia. De certa maneira, os papéis que me atraem são sempre os de alguém revolucionário. Foi assim com o Caravaggio e é assim com o Cesare. São pessoas que lutam contra o poder instituído. Contra a arrogância do dinheiro e das tecnologias avançadas. Esta é a minha principal obsessão. Acredito no poder dos humanos. Na amizade, no amor, nas ideias, capacidade e inovação.
O facto de além de atuar ser argumentista e produtor tornou o filme num maior desafio?
Foi um desafio a produção e a escrita, mas já tenho alguma experiência nisso. Já produzo desde 2011 e é algo que gosto muito. E para fazer este filme tive de o proteger de grandes estúdios, como uma empresa americana que queriam se apropriar dele. Na verdade, queriam retirá-lo das minhas mãos. Produzi com o Jeremy Thomas, que disse-me que o íamos fazer à maneira da velha guarda. Juntamos as coisas e fizemos um filme independente.
E já sentiu o desejo de passar para a realização?
Não sinto essa necessidade ou desejo, pelo menos para já. Por agora quero continuar a produzir e atuar. Quem sabe, um dia. Neste momento penso só nisso e acabei de filmar com o Johnny Depp e o Al Pacino um filme sobre o Modigliani. Estou a tornar-me um especialista em pintura (risos).
A pintura é algo que o atrai?
A minha mãe é pintora, eu sou terrível nessa arte. Costumam dizer que o dom salta uma geração, o que é claramente o meu caso (risos). Não tenho esse talento. A minha mãe sim.
E o que podemos esperar do futuro?
Tenho o filme sobre o Modigliani e mais algumas coisas. Mas não quero fazer TV. Não gosto de fazer produtos, mas sim protótipos. Para mim, cada filme tem de ser único e tem de ser um objeto artístico.
Com o streaming e o pequeno ecrã cada vez mais dominante, é para o cinema e grande ecrã que prefere trabalhar?
O cinema é tudo para mim. Cresci a ver e a fazer filmes. Quando tinha 15 anos, o cinema era a minha única forma de sonhar e viver além da pequena cidade do sul de Itália onde cresci. Um local onde literalmente não havia nada. O cinema foi a minha estratégia para ter uma vida melhor.
É a atuação o seu grande amor?
A atuação é a minha grande paixão. E nunca pararei de atuar.