Batizado como o pai da neurologia, Jean-Martin Charcot ficou para a História graça aos seus avanços no ramo da psiquiatria, nomeadamente no estudo da histeria feminina e a resolução da mesma por vias da hipnose. Agora um aparte digno de Wikipédia – Charcot ainda teve como alunos os mundialmente famosos e avant-garde Sigmund Freud e Joseph Babinski. Augustine, a obra de Alice Winocour (que colaborou com Ursula Meier no seu Home), romantiza a demanda cientifica de Charcot (aqui desempenhado pelo sempre carrancudo Vincent Lindon), tentando firmar a sua relação com uma das suas pacientes, a homónima Augustine (uma prestável Soko).

Logo cedo o espectador é convidado a penetrar numa reconstituição acinzentada e monótona do século XIX, num ambiente quase propicio à loucura ao desconforto, mas Winocour, nesta sua estreia nas longas-metragem, “corta as asas” a uma fita que desde o primeiro tinha potencial por onde pegar, defraudando a biografia em si e transformando todo o climax num atento à obsessão e ao desejo, onde a psicose é algo que ficou à porta. O forjar de sentimentos não integrou a lista da realizador. Tudo isto para que Augustine (que esteve na competição pela Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2012) se descartasse da suposta análise de um génio ou de um dos períodos mais marcantes na sua conceituada investigação para nos trazer um invulgar romance, com relações nada “afiadas” e sob uma enorme reconstituição histórica.

Um filme vago que não faz jus à figura readaptada nem sequer ao tema incutido. Conta ainda com uma pequena prestação de Chiara Mastroianni (Les Chansons d’Amour, As Linhas de Wellington).

Pontuação Geral
Hugo Gomes
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