Baseado numa graphic novel da Darkstorm Studios criada por Kevin Grevioux, Eu, Frankenstein é o ultimo “grito” nas variações modernas do clássico conto de Mary Shelley com direito ao “It’s Alive” como citação e tudo. Deparamos-nos então com Aaron Eckhart a desempenhar o monstro que vagueia algures entre os mortos e os vivos, encurralado no seio de uma batalha que dura há milénios, ora as Gárgulas, descendentes dos anjos de um lado e uma horda de demónios homogéneos do outro.

Eis o habitual “wanna be” do primeiro mês do ano, recomendável a todos aqueles cuja época de prémios é motivos de urticária. Uma trapalhada neo-gótica onde até mesmo os envolvidos aparentemente não possuem qualquer interesse na matéria, dando vida a uma aberração narrativa em constante fast forward e com pseudo-filosofias em cada cena. Assim, ficamos com plena série B sem pretensões mas ausente de qualquer sanidade mental que nos remeta a um “poço” de tristezas, que vão desde talentos desperdiçados como Bill Nighy (novamente o vilão de serviço) ou Miranda Otto como uma baça rainha das Gárgulas digitais, até a um romance tosco e sem sentido (tendo em conta que relações entre personagens não existe aqui).

Nem sequer as sequências de acção são motivos suficientes para o preço do bilhete – rudimentares e nada inspiradas – como também Eu, Frankenstein é inato em aproveitar os maiores esforços da equipa de produção: os cenários, descritos em perfeita miopia. Pois bem, não existe nada que justifique um visionamento aqui, tudo se resume a um mero jogo de faz-de-conta com toda a inconsequência e puerilidade de uma produção preguiçosa e sem expressividade, quer visual, quer no argumento.

Por fim, acredito que neste neste preciso momento Mary Shelley remexe sem igual na sua tumba, amaldiçoando todos os que se envolveram na concepção deste “filme“. Um clássico da literatura que deu origem a mero lixo. Sem exemplo!

Pontuação Geral
Hugo Gomes
i-frankenstein-eu-frankenstein-por-hugo-gomesO desrespeito por Mary Shelley e pelos espectadores em geral!