Depois de já ter chegado ao cinema a história de alguns alemães que lutaram por dentro contra Hitler e o III Reich, como Sophie Scholl (“Sophie Scholl – The Final Days“, de 2005) e Georg Elser (“13 minutes“, de 2015), chega a vez de um dos cineastas germânicos mais prestigiados, Andreas Dresen, pegar na história de Hilde Coppi e elevá-la ao grande ecrã. Pena é que o consiga seja quase um telefilme que na fuga dos clichés nazis acaba por se desertificar no estilo e estética.

Cabe à estrela de “Babylon Berlin”, Liv Lisa Fries, o papel da mulher que foi trazida para a resistência antinazi por aquele que se tornaria seu marido em 1941, e que tal como Hilde seria mais tarde preso. A dupla conheceu-se, fez diversos atos de ativismo e entraria no “universo vermelho” por conhecimento do homem, que usa o código morse para passar informações secretas do regime. E os ensinamentos de código morse a Hilde acabam por ser um fator de proximidade entre os dois, uma espécie de veículo para uma interação mais física e próxima de uma dupla que sensualmente nunca nos agarra pelo elemento da paixão.

E se já nestes primeiros momentos o filme recorre a cenas interiores fundamentalmente para contar as histórias das suas personagens, sempre acompanhada por uma direção de fotografia a carregar em tons pálidos, quando Hilde é levada para a prisão a sensação de telefilme adensa-se. Uma vez detida, Hilde começa a usar as suas capacidades para ajudar os médicos de serviço, concretizar pequenas vinganças e superar uma gravidez enquanto detida. Porém, a “banalidade do mal”, a ausência de caridade e humanidade são armas do regime implacável que a condenou.

Live Lisa Fries entrega ao espectador uma prestação segura, talvez até demais, nunca expandindo muito a sua personagem além da tímidez e insegurança, embora a resiliência a vá preenchendo progressivamente à medida que a sua personagem vai crescendo no ecrã.

Mas acima de tudo, “Hilde” é um filme que formalmente e esteticamente nunca sai de uma caixa redutora que a prende ao pequeno ecrã, desperdiçando assim potencial a escapar ao rótulo de mais um filme sobre os tempos da 2ª Guerra Mundial em piloto automático.

Pontuação Geral
Jorge Pereira
from-hilde-with-love-filme-sobre-resistente-aos-nazis-nunca-consegue-convencer-no-grande-ecraDesperdiçando potencial, o filme nunca consegue escapar ao rótulo de mais um sobre os tempos da 2ª Guerra Mundial em piloto automático