O norte-americano Alex Gibney regressa à Berlinale com a primeira de duas partes do há muito aguardado documentário sobre a irresistível ascensão e escandalosa queda em desgraça do tenista alemão Boris Becker, filme recentemente comprado pela Apple TV.
Dedicada maioritariamente à carreira de tenista de Becker, esta primeira parte é um festim de nostalgia para os fãs mais rigorosos do ténis, percorrendo todos os pontos altos e baixos do seu longo trajeto. Nesse sentido o filme não desaponta, e não faltam momentos hilariantes e impressionantes, não fosse Boris Becker uma figura incontornável dentro do meio, tendo contribuído significativamente para transformar o desporto num fenómeno de massas.

A presença de algumas das figuras mais míticas do ténis, claro está, seria sempre inevitável. John McEnroe, Bjorn Borg, Novak Djokovic, entre muitos outros, prestam um serviço imprescindível como testemunhas da escalada do alemão, narrando episódios que vão do inacreditável ao caricato.

Mas Gibney, que já se aventurara a dissecar o mundo desportivo em “A mentira de Armstrong” em 2013, apesar de prestar homenagem e respeito ao court, revela-se mais fascinado pelas personagens do que pelo desporto propriamente dito. E Boris Becker e companhia são um baú de intermináveis surpresas. Aqui o grande destaque tem de forçosamente ir para a relação entre o tenista e o seu agente, o milionário romeno Ion Tiriac. Acima de tudo na primeira fase da carreira, o romeno foi uma peça fundamental, tornando Becker não só numa estrela do desporto, mas também um fenómeno publicitário e um dos produtos mais requisitados da sua era.

No entanto, é exatamente neste capítulo que o filme também demonstra as mais importantes das suas várias falhas, começando logo por uma ausência de peso: Steffi Graff. Para além de partilharem as mesmas origens, ambos vingaram no meio em simultâneo, refletindo um domínio alemão no desporto da época. A brutalidade do estrelato afetou os dois da mesma forma, mas com resultados amplamente opostos, fruto de duas personalidades radicalmente diferentes, aspecto quase totalmente ausente no filme, e que torna este exercício demasiado insuficiente.

E pior de tudo, após um início promissor, em que Becker é apresentado como uma personalidade de caráter dúbio, que esbanjou a sua fortuna e cometeu várias ilegalidades, ao ponto de acabar na prisão, nesta primeira parte Gibney não faz mais do que uma introdução cheia de solavancos.

Talvez sejam todos erros que se revelarão lógicos dentro do contexto total da obra. Mas como peça única, este “Boom Boom: the World Vs Boris Becker” será inevitavelmente um dos pontos mais discretos na carreira de um cineasta que continuará a ser central no documentário.

Pontuação Geral
Fernando Vasquez
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