Salma Hayek oferece o corpo ao manifesto neste survivor horror com presença bem afinada no território de ação. Em certa parte poderíamos incutir este Everly, de Joe Lynch (Wrong Turn 2: Dead End), como um descendente estilístico, embora mais tímido, do frenético The Raid, pela forma como coordena a ação em espaços reduzidos e como joga com o fora-de-campo. Contudo, é também evidente encontrarmos aqui um distinto gosto pelo cinema de Luc Besson, integrando uma fixação quase carnal entre mulheres e armas.

Hayek parece ter aprendido a arte de defesa e sadismo nas incursões mexicanas de Robert Rodriguez (Desperado, Once Upon Time in Mexico), dotes úteis que servem para a sua proteção contra yakuzas famintos por sangue, cães raivosos e assassinos com tendências teatrais. Ela é uma mulher completamente sexualizada (esteticamente falando) que terá que lutar pela sua vida, assim como proteger aqueles que mais ama, de um vingativo namorado, que afinal é um gangster de primeira.

O resultado é um jogo de gato e rato com mirabolantes massacres por parte de uma realização competente de Lynch e fundamentada com uma dose generosa de absurdismo e incredibilidade. Sim, em certo sentido, este Everly é um filme desmiolado e despreocupado, mas efetivo em termos visuais. A verdade é que Salma Hayek dá uma ajudinha a distribuir a sua “graça” e sex appeal no grande ecrã. Ela torna-se num ídolo dourado deste produto de entretenimento que percorre territórios já caminhados e, muitas vezes, primorosamente pisados.

Assim, este filme entretém o quanto baste, mas sem o efeito novidade e ousadia para ficar na memória. No fim das contas, tudo se resume a série B sem pretensões, com protagonismo no feminino a relembrar o típico cinema exploitation (*cof* Russ Meyer *cof*).