Quando se é estrela em Hollywood, a pior coisa que pode acontecer é envelhecer. A idade é um dos piores inimigos dos atores, principalmente quando se sabe que este mundo cinematográfico de sonho tem cada vez mais confundido talento com uma “cara bonita”, deixando de lado as estrelas de outrora iludidas pelas promessas de juventude eterna e imortalizadas no glamour de Hollywood. Stand Up Guys (Gangsters da Velha Guarda) de Fisher Stevens declara acima de tudo como uma contra tendência para com as aspirações juvenis ou da estética imaculada que é usual nos protagonistas contrafeitos por Hollywood.

Nesse termo, este misto de “buddie movie” com Goodfellas alia-se ao recente Quartet do estreante a realizador Dustin Hoffman na prática de que “este país ainda é para velhos”. Al Pacino (73 anos), Christopher Walken (70 anos) e Alan Arkin (79 anos) representam o trio protagonista, três senhores que reavivem os tempos do seu cinema “old school” e divertem-se a satirizar tais memórias. Stand Up Guys causará simpatia inicial pelo convívio de atores que, mesmo sob modo automático e nalguns casos decadentes (Al Pacino encontra-se profissionalmente “desfalecido”) – emana uma química natural de companheirismo.

Por meio das sensações de improviso e de puro júbilo profissional, os atores conseguem se tornar no melhor de um filme desequilibrado com influências mal estudadas do “gallows humours” britânico dissipado por moralismos martelados às três pancadas”e embaraços que nos apresentam como gags cómicas. Por vezes é triste assistir a estes três atores da velha guarda a comportarem-se como adolescentes, por vezes torna-se um conforto para espectador em saber que existem papéis para os atores do passado.

Hollywood não deve comportar apenas como um incansável e obsessivo “caçador de talentos” em busca da próxima Marilyn Monroe ou Marlon Brando, ou do jovem promissor que atrairá milhões e milhões de espectadores, mas sim como um refugio de gratidão pelas velhas glórias partilhadas com o público de ontem, hoje e de amanhã. Stand Up Guys é um filme com essa perceção, se assim não fosse então o discurso tributal de Al Pacino no cemitério não teria obviamente qualquer sentido: “morremos duas vezes, a primeira é fisicamente, a segunda é quando a última pessoa que conhecia o nosso nome morre também”. Em contrapartida, as verdadeiras estrelas nunca morrem.

Pontuação Geral
Hugo Gomes
stand-up-guys-gangsters-da-velha-guarda-por-hugo-gomesMesmo com a reunião dos três veteranos, é desequilibrado, quer no tratamento de temas delicados, quer nos momentos menos lúcidos e desvairados