Emmanuel Mouret tem construído uma carreira no cinema onde os amores, desamores, desejos e hesitações, não só na partilha dos sentimentos, mas principalmente na sua compreensão, tem sido uma constante. 

Abandonando a sua presença em cena, ou de personagens que se aproximavam dele mesmo e das suas neuroses, o que lhe valeu o apelido de Woody Allen francês (basta ver “Caprice”), desde que lançou “Mademoiselle de Joncquières“, em 2016, Mouret pisa neste “Les choses qu’on dit, les choses qu’on fait” novamente terreno de Éric Rohmer e Pierre Marivaux, do título ao suspense e importância das palavras como caminho para a verdade.

Filme coral onde um quarteto de atores – Camélia Jordana, Niels Schneider, Vincent Macaigne e Emilie Dequenne – brilha em todas as suas dúvidas, silêncios e contidas explosões, o cineasta com uma atemporalidade inata, uma enorme delicadeza e (uma falsa) ligeireza entrega um objeto adulto, onde as suas personagens movimentam-se por entre relacionamentos fracassados, traições e as mais variadíssimas fragilidades.

O rastilho de tudo começa a flamejar com a chegada de Maxime (Schneider), tradutor e aspirante a romancista, que partiu para  a casa do seu primo François (Macaigne) para recuperar de um colapso sentimental. Recebido por Daphne (Jordana), pois François ficou retido em Paris, Maxime começa a partilhar com ela a história da sua desilusão, tendo como resposta  a história de como ela e François se envolveram.

A partir daí o filme desenrola-se entre várias histórias de seduções, hesitações e decepções, sempre com uma elegância, charme e pertinência que o colocam no topo dos cineastas atuais a abordar desejos “proibidos” em confronto com a felicidade.

Pontuação Geral
Jorge Pereira
as-coisas-que-dizemos-as-coisas-que-fazemosMouret pisa neste “Les choses qu’on dit, les choses qu’on fait” novamente terreno de Rohmer e Pierre Marivaux, do título ao suspense e importância das palavras como caminho para a verdade.