É na forma de um mockumentary ácido repleto de sarcasmo que a italiana Liliana Colombo nos leva ao coração do aquecimento global e ao impacto do homem da natureza neste seu “Icemeltland Park“, sátira documental descarada que reúne imagens de “destruição natural” captadas por pessoas que se deleitam em registar os últimos momentos de glaciares, qual sitcom qual quê.

Sem faltar uma boa dose de didatismo na sua ponta final, que se entende cada vez mais hoje em dia já que todos questionam a ciência como se fossem doutorados no tema (em qualquer um), Colombo apresenta vários locais (Argentina, Gronelândia, etc.) de destruição como verdadeiros carrosséis/atrações de um parque de diversões global em que o planeta se transformou.

Construído com recurso a imagens descobertas online pela cineasta, nas quais os turistas fascinados e de câmara na mão assistem aos últimos momentos de vida de glaciares milenares, o documentário sobrepõe imagens dessa destruição com as consequências nas faixas costeiras, mostrando claramente que isto não é um filme de Hollywood sem consequências e que terá um final feliz.

Pelo meio, a realizadora mostra ainda plantas e mapas que exploram e demonstram o pesado dedo humano nas últimas décadas no planeta, e alguns anúncios publicitários a empresas invariavelmente ligadas à exploração desenfreada e selvagem dos recursos da Terra, sendo particularmente incisiva na crítica às empresas de mineração e às de combustíveis fósseis, com o petróleo e lítio à cabeça no “trending” da exploração cega. 

E tudo por aqui acaba com pompa e circunstância, ao som da famosa música de Celine Dion de “Titanic“, essa construção humana que sucumbiria após chocar contra um glaciar. Como ele, a humanidade acelera a toda a velocidade para a sua destruição, esquecendo-se que para encontrar o equilíbrio no planeta a última palavra será sempre da natureza e que na verdade o homem caminha é para a sua própria destruição. [Inserir aplausos].

Pontuação Geral
Jorge Pereira
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