Francesco Costabile, em competição nesta Festa do Cinema Italiano com a sua ficção de estreia, “Una Femmina“, e Federico Savonitto propuseram uma incursão de cunhos poéticos para reconstruir a vida do jovem Pasolini – contrapondo composições etéreas de som e imagem com uma longa entrevista com Nico Naldini, o primo do cineasta e com quem conviveu até a sua partida forçada para Roma, em 1950.

O jovem Pasolini viveu a partir de certa idade em Casarsa, localidade do Nordeste italiano, onde presenciou os últimos anos da 2ª Guerra Mundial (na qual perderia o irmão), aderiu à luta política ao ingressar no Partido Comunista, publicou os seus primeiros poemas onde defendia o dialeto da Friulia e, mais dramaticamente, ia dando conta da sua homossexualidade com camponeses da região que lhe renderiam o seu primeiro escândalo.

No que concerne às construções alheadas do realismo, os cineastas conseguem o seu melhor momento ao adicionar uma longa cena de jovens do sexo masculino a correr por entre o milharal e a saltar para o lago – enquanto a leitura em “off” dos escritos de Pasolini dão conta de sua violenta descoberta da homossexualidade.

Não correria bem: um grande escândalo ocorrido em 1950 obrigaria Pasolini a uma humilhante fuga para Roma. Conforme lembra o seu primo, muito afeto de Pasolini e, também ele, poeta e homossexual, tudo havia sido uma manobra dos Democratas-Cristãos da cidade.

Entre o factual e o poético, não chega a acrescentar muito aquilo que já é conhecido do cineasta, ainda que o testemunho em primeira pessoa de Nldini acrescente algumas luzes sobre a relação do cineasta com a mãe e o dramático luto que esta teve de experimentar depois do assassinato atroz do realizador em 1975. De destacar ainda uma entrevista onde Pasolini ressalta de forma crua o seu ódio à pequena-burguesia e o facto de se recusar a conviver com ela. “Convivo com excluídos e intelectuais, nunca com pequeno-burgueses”, diria.

Pontuação Geral
Roni Nunes
in-un-futuro-aprile-il-giovane-pasolini-os-primeiros-tempos-e-escandalosTem momentos bonitos, embora não acrescente muito ao que já se conhece da vida pregressa de Pasolini antes de chegar a Roma