O romeno “Bad Luck Banging or Loony Porn” (“Babardeala cu bucluc sau porno balamuc”), de Radu Jude, foi o vencedor do Urso de Ouro da edição 2021 da Berlinale.
Foi Nadav Lapid, vencedor do certame no ano passado e integrante do júri este ano, que fez o anúncio dos vencedores, destacando no filme de Jude “o captar da essência dos nossos tempos“. Filmado entre confinamentos, e com todos os atores em cena já com a máscaras no rostos, “Bad Luck Banging Or Loony Porn” é uma sátira social que conta a história de uma professora que depois de fazer vídeos pornográficos com o marido, e de estes irem parar à internet, vê o seu mundo revirar-se, ficando à beira de perder o emprego.
O júri, constituído pelos vencedores da Berlinale nos anos anteriores, declarou sobre o vencedor: “O Urso de Ouro vai para um filme que tem aquela qualidade rara e essencial de uma obra de arte duradoura. Ele captura no ecrã o próprio conteúdo e essência, a mente e o corpo, os valores e a carne crua do nosso momento presente no tempo. Este exato momento da existência humana. Ele faz isso provocando o espírito dos nossos tempos (ou seja, o zeitgeist), dando uma chapada nele, desafiando-o para um duelo. E ao mesmo tempo desafia este momento presente do cinema, sacudindo, com o mesmo movimento de câmara, as nossas convenções sociais e cinematográficas. É um filme elaborado e também selvagem, inteligente e infantil, geométrico e vibrante, impreciso da melhor maneira. Ela ataca o espectador, evoca discordância, mas não deixa ninguém com uma distância segura. “
Quanto a outros prémios, o Grande Prémio do Júri foi para “Wheel of Fortune and Fantasy” (Guzen to sozo), de Ryusuke Hamaguchi, enquanto o Prémio Especial do Júri foi para “Mr. Bachmann and His Class”, de Maria Speth.
Dénes Nagy por “Natural Light” ganhou o Urso de Prata de Melhor Realização, e neste primeiro ano em que o prémio de interpretação deixou de ter a separação porgénero, triunfaram as mulheres. Maren Eggert (“I’m your man“) ganhou o prémio principal, enquanto o prémio de interpretação para um ator/atriz secundário foi para Lilla Kizlinger por “Forest – I See You Everywhere“.
Finalmente, Urso de Prata para Melhor Argumento foi para Hong Sang-Soo (Introduction), e o Urso de Prata Contribuição Artística, pela montagem, foi para “Uma Película de Policías”, documentário de Alonso Ruizpalacios.
Já na secção Encounters, venceu Alice Diop e o seu “Nous“, enquanto o prémio de realização foi atribuído ex aequo a “Social Hygiene” de Denis Côté e “The Girl and the Spider“de Ramon Zürcher e Silvan Zürcher. O júri deu ainda o Prémio Especial a “Taste” (Vị) de Lê Bảo, e atribuiu uma menção especial “Rock Bottom Riser” de Fern Silva.
