Uma viagem de balão de 1862, conduzida pelos aeronautas britânicos James Glaisher e Henry Coxwell, tornou-se numa pedra seminal para uma novo ramo científico – a meteorologia. 
Como tal, Os Aeronautas impõe-se como uma aventura na lei do menor esforço, desde o requisito da dupla (casal) vencedora de A Teoria de Tudo – Eddie Redmayne e Felicity Jones –, até à sua narrativa recortada em flashbacks e mais flahsbacks que se amontam como suporte emocional às personagens “aprisionadas” num balão movido a gás. É um objeto com claras pretensões à temporada dos prémios, desde as categorias técnicas até ao esforço dos atores em preencher “bonecos” no limiar da ficção e numa menção histórica; tudo “arrumadinho” como manda o academismo.
Adaptação do livro Falling Upwards: How We Took to the Air, Os Aeronautas aponta para o céu através de enésimos enredos de superação pessoal disfarçados de engajamentos cientificos; os primórdios da meteorologia por parte James Glaisher (Redmayne novamente de “pastinha” na mão no mundo Académico), o qual é ofuscado com a entrada de uma personagem ficcional, Amelie Wren (Jones), que reconstrói esta mera aula de História num pseudofilme de sobrevivência a 30 mil pés de altura. 
Convém reforçar que as “mulheres” ao lado de Redmaine sofrem – e se sofrem – e este caso não é exceção. Felicity Jones, como na sua doce amargura sentimental na biografia de Hawkins, regressa calejada para novos desafios, impondo a bandeira da representação feminina numa troca de lugares com Henry Coxwell (o outro cientista que partilhou o cesto de bordo com Glaisher).
A atriz supera-se no segundo duelo com Redmayne, tentando espicaçar a armadura “gentleman” que revestiu o ator. Contudo, mesmo que a química anteriormente trabalhada seja exibida aqui como trunfo próprio, Os Aeronautas não sobressai das narrativas convencionais e costuradas em pano. A produção tende em ser simples e contrafeita, sem com isso agarrar por completo as simplicidades quase minimalistas do filme do cerco ou do choradinho que, por exemplo, A Teoria de Tudo embarcou. 
Mas as atitudes são as mesmas, seja aqui no filme de Tom Harper (realizador da sensação indie Wild Rose) ou do mencionado trabalho de James Marsh (que garantiu o Óscar a Redmaine). Ambos os projetos evitam o discurso inteletual-cientifico, reduzem a língua plebeia os feitos e conflitos ideológicos que eram submetidas nas prestigiadas universidades. Por outras palavras, para cinema de grande saída não existe espaço para explorações desses “nichos”; a palavra de ordem é o espetáculo e aqui sobrevoa-se um investimento invejável em recriar a experiência da altitude. Mesmo assim, quem sofre de vertigens tem aqui uma bem-sucedida simulação desse medo. 
Quanto ao filme, é simplesmente régua e esquadro.