Depois de “Gordon & Paddy”, adaptação do livro de Ulf Nilsson e Gitte Spee, sobre um jovem rato polícia que ajuda a decifrar um crime, a experiente produtora e realizadora Linda Hambäck trouxe agora “The Ape Star” (Mamã Gorila), mais uma adaptação de um livro infantil, desta vez assinado por Frida Nilsson.
Construído para uma audiência claramente infantil, o filme explora – tal como Even Mice Belong To Heaven (também na Monstra)- a diferença e como os estereótipos e clichés sociais não devem guiar as ações das pessoas perante o desconhecido.
Tudo isto é apresentado através da história de uma menina órfã, Jonna, que mora num orfanato há vários anos e que acaba por ser adotada por uma gorila que vive num terreno adjacente ao local – num espaço que podemos definir como uma sucata. O dono do orfanato, juntamente com as autoridades locais, têm grandes planos para dar nova vida e função ao espaço, estando assim na mira livrar-se das crianças órfãs que por lá existem – como o jovem Harold, amigo de Jonna- para ali construir um parque aquático que se crê muito rentável.
Apesar deste subtema, o filme incide principalmente na relação da gorila com a filha adoptada, a qual inicialmente – formatada pela catalogação a que a Gorila tem na sociedade – tem muito medo dela, mas que aos poucos vai apaixonando-se pela vida livre e alegre que vive com a Gorila, a qual é frequentemente parodiada por todos.
Quer a técnica, quer o traço, quer o uso de cores, desenho de personagens e os cenários de “The Ape Star” são de uma simplicidade tremenda, não sendo de todo errado carimbar o filme como um projeto que se ganha tanto em ver no grande como no pequeno ecrã, residindo sim na sua mensagem a força maior.
É neste aspecto que o filme consegue tocar o espectador na introdução de uma sociedade díspar, promovendo o respeito das diferenças e a convivência de todos em paz. Nas entrelinhas, há também o sentimento de justiça social num mundo capitalista, com a Gorila na sua sucata a ensinar a filha vender os artigos a preços diferentes, caso os compradores sejam ricos ou pobres.
Claro está que a certo ponto da história, e de maneira previsível, a alegria da dupla é posta em causa quando a adoção definitiva é posta em causa, mas no final, qual fábula, qual quê, o amor triunfa e a mensagem alegórica serve para aproximar todas as raças, credos e ideias numa coisa chamada humanidade.