Quinta-feira, 25 Abril

O peculiar guarda-roupa de “Cruella”

A figurinista Jenny Beavan falou à WWD sobre a sua abordagem para vestir a clássica vilã Disney, interpretada por Emma Stone.

Antes da infame vilã Cruella de Vil caçar cães para fazer casacos de pele, era uma jovem vigarista e aspirante a estilista na cena punk rock dos anos 70 em Londres.

O mais recente filme live-action da Disney, “Cruella”, serve como prefácio de apresentação da mítica personagem que conhecemos na animação. Emma Stone interpreta a estrela titular – nome de nascimento Estella – que na sua juventude, quando é contratada para trabalhar para a estimada estilista The Baroness, interpretada por Emma Thompson.

A figurinista Jenny Beavan entrou no projeto com uma vantagem: conhecer bem a época que inspira o filme. “Lembro-me da diversão disso. Foi uma época emocionante no vestuário e na música”, diz Beavan, refletindo com carinho sobre a moda da época: botas pesadas com atacadores, calças com flores que custavam três libras no Kensington Market. Mas, ao contrário de Cruella, Beavan não tinha aspirações numa carreira na moda. “Naquela época não sabia que queria ser figurinista; fui cenógrafa de teatro (…) Por isso, foi um pouco chocante para mim quando me tornei uma figurinista – o que aconteceu por acidente, como muitas coisas na vida.

A convocação de “Cruella” veio “um pouco do nada” para a figurinista, que recebeu uma mensagem de Kristin Burr, uma das principais produtoras do filme, e que simplesmente perguntava se estava ocupada. A princípio, Beavan ficou surpresa por estar a ser considerada. “Não sou o tipo de pessoa que gosta de moda”, acrescenta. Humilde, se tivermos em conta que na carreira de várias décadas como figurinista é marcada por 10 nomeações aos Óscares – tendo ganho duas vezes, por “Room With a View” e “Mad Max: Fury Road”.

A história era forte, as personagens eram ótimos”, diz Beavan sobre o apelo de Cruella”. “Foi um desafio maravilhoso e algo diferente.

O realizador Craig Gillespie já tinha um esboço visual sólido para o filme, que Beavan usou como ponto de referência para criar o seu plano de indumentárias para a história. Para Cruella, Beavan manteve a paleta de cores icônica da personagem, enraizada em preto, branco e vermelho. Conforme a personagem se torna mais sombria ao longo do filme, o mesmo acontece com os seus figurinos. “Todo o visual fica mais nítido, mais personalizado, mais Cruella-y”, diz Beavan.

A equipe de Beavan teve um curto período para produzir um extenso portfólio de looks originais para o filme – 10 semanas, mais seis semanas extras enquanto Stone recuperava de uma lesão no ombro. Beavan comprou tecidos em lojas de Los Angeles, Atlanta e Londres – a maioria dos trajes usados ​​por Kirby Howell-Baptiste, que no filme interpreta um repórter, apresenta estampas no estilo dos anos 70 encontradas na Mood Fabrics.

No guião, Cruella encontra um vestido vermelho, que era um vestido antigo da Baronesa, numa loja vintage de Portobello. Vestido que Cruella transforma”, diz Beavan. “Então, tivemos que conseguir criar um vestido que tivesse tecido suficiente, para fosse possível acreditar que esse novo vestido saiu do vestido antigo.”

Apesar dos looks mais extravagantes, Beavan nota uma afinidade particular pelos looks mais simples. “Adoro alguns dos seus looks anteriores, quando ela começou a trabalhar no Liberty London, e quando começou a trabalhar para a Baronesa”, diz Beavan, que colocou Cruella em culotes e casacos pequenos e acessórios descolados – “pedaços e peças”.

Também a Baronesa, a antagonista central do filme, merece uma nota. A personagem serve como um contraponto para a cena da moda jovem e eclética da qual Cruella emerge.

A Baronesa é uma designer competente; é apenas um pouco antiquada”, diz Beavan, que baseou os looks da personagem na estética New Look da Dior. “Escolhi tecidos que tivessem uma certa estrutura para que pudéssemos ser esculturais”, diz a figurinista.

Fonte: wwd.com

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