Acham que este esforço valerá a pena?” “Claro que sim!“. Tudo aconteceu em 2009 quando um trio de universitários “marrões” estudavam no seu quarto, negando a festa que decorria no piso de cima. Convencidos de que os seus respetivos futuros seriam risonhos, bastando apenas o esforço dos estudos intensos, este grupo de amigos não poderiam estar mais errado. Mal sabiam eles que o estado económico de Espanha pregaria as suas partidas. Assim, num hiato de 10 anos, regressamos a esta tripla de professores “fracassados”, cada um à sua maneira, tentando subsistir como podem, até que certo dia têm a “brilhante” ideia de vender uma droga experimental nas noites de Madrid.

Remake castelhano do sucesso italiano Paro Quando Quiser – Génios à Rasca (Smetto quando voglio, 2014), que suscitou uma trilogia, e com influências do êxito da série Breaking Bad (cujo filme não esconde essas referências), É Só Querer é um comédia que bebe do seu cenário sociopolítico para embarcar no dito registo screwball inteiramente masculino. É um filme de gags que facilmente funcionariam há décadas atrás, no “colo” da expansão das comédias universitárias e das loucuras dos irmãos Farrelly. Hoje, visto em certo ponto como um exemplar em extinção, o filme de Carlos Théron ostenta uma vibe noventista de claro encosto ao cinema globalizado.

Mas apesar da sua tendência de linguagem universal (o qual a Netflix tem colaborado para essa difusão), É Só Querer ainda mantém alguma irreverência, ocasionalmente “proibida” numa cultura constantemente autocensurada. E são nesses pequenos pormenores que Théron maneja algum charme a um objeto grosseiro e não de todo colaborativo para com as personagens e subenredos, até porque sentimos a falta de consequências e peso dos atos dos três protagonistas (ou diríamos antes três estarolas).

Por outro lado, o projeto ganha um certo brio com o multifacetado Carlos Santos e um curioso Ernesto Alterio como Tacho.