Coqueluche do Festival de Sundance, em destaque na programação do CPH:DOX e Bergamo Film Meeting, a longa-metragem documental “Calendar Girls”, lançada este ano, não deverá ser confundida com a ficção homónima de 2002 onde um grupo de mulheres maduras de Yorkshire (Inglaterra) posam nuas para um calendário com o intuito de arrecadar dinheiro para um hospital. Embora nada tenha a ver com esse filme, este novo “Calendar Girls” tem também tudo a ver, pois em foco volta a estar um grupo de mulheres acima dos 60 anos, agora na Flórida, EUA, que têm uma “segunda vida” ou “segunda adolescência” através de um grupo criativo de dança.

Pratico uns 100 dias e participo em performances outros 100”, diz uma das mulheres perante a câmara de Maria Loohufvud e Love Martinsen, num relato de confidência ao marido, nunca tratando a sua idade como um número, mas exibindo a nova condição de performer como uma segunda vida.

E não estamos a falar de um qualquer grupo de baile para a 3ª idade, mas de um conjunto de pessoas que executam shows com um enorme rigor e sentido de compromisso, seja na produção de adereços (guarda-roupa), seja na maquilhagem, não esquecendo as coreografias e escolhas musicais. Tudo isso aproxima-as mais de um regime exigente que de mero lazer e passar o tempo. 

E devido a essa exigência e rigor no treino e preparação, naturalmente as suas vidas familiares são condicionadas, analisando os realizadores também essa esfera, sem nunca entrarem aprofundada mente na questão.

Sempre com uma estética entre o videoclipe e o realismo observacional, “Calendar Girls” revela-se sempre inspirador na sua celebração de vida destas mulheres, mas nunca consegue sair da esfera do exercício curioso, um pouco superficial, sem genuínas mais valias em ser apresentado no grande ecrã.

Pontuação Geral
Jorge Pereira
calendar-girls-joie-de-vivre“Calendar Girls” revela-se sempre inspirador na sua celebração de vida, mas é um pouco superficial e sem genuínas mais valias em ser apresentado no grande ecrã.