Sábado, 18 Maio

Festival do Cairo arranca esta quarta-feira

Em tempos de pandemia, o Festival Internacional de Cinema do Cairo avança no seu modelo tradicional (presencial) para uma 42ª edição que se afigura de arrombo, mesmo que as medidas de segurança e sanitárias estejam na mente de todos.

É já hoje, 2 de dezembro, que o certame egípcio inicia a sua maratona cinéfila, que culmina no dia 10 e que  – para não variar – conta com presença nacional e brasileira no programa.

De terras lusas chega ao Cairo um (brilhante) drama dos tempos do Franquismo, com a curta-metragem “Noite Perpétua” de Pedro Peralta a deixar a sua marca em mais um certame internacional. “Gaza Mon Amour”, estreado em Veneza, também tem coprodução nacional e vai estar em grande destaque na competição internacional.

Já o Brasil está presente igualmente com duas obras: na competição internacional surge “Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda, enquanto “Meu Nome é Bagdá”, de Caru Alves de Souza,  promete dar que falar na Semana Internacional da Crítica. Também no júri no certame, liderado pelo russo Alexandr Sukurov, a alma brasileira está presente, com Karim Ainouz a servir de jurado.

O festival arranca com o drama “The Father” a servir de entrada, estando programada a presença no evento do argumentista Christopher Hampton e o dator Rufus Sewell, ambos com diálogos marcados com o público em painéis dedicados.

Anthony Hopkins e Olivia Colman são pai e filha nesta adaptação ao cinema da peça teatral escrita por Florian Zeller, que aqui também realiza. O filme aborda a maneira como uma filha lida com a senilidade paternal, levando Zeller o espectador numa viagem entre a realidade e a alucinação. “The Father é uma peça que estreou há oito anos e que me desafia diretamente desde que a escrevi quando a minha avó, com quem cresci, começou a sofrer de demência. Como a estreamos em diferentes países, vimos que as reações do público foram muito semelhantes em todas as partes e isso levou-me a ter a convicção de que se trata de um texto que vale a pena abordar. O cinema permite precisamente isso, mostrar emoções em primeiro plano, pois é a arte do close-up“, disse o dramaturgo e realizador no último Festival de San Sebastián.

De resto, há inúmeras estreias mundiais, com destaque para alguns produtos locais como “Curfew”, “Lift Like a Girl” e “About Her”, filmes que vão lutar pelo principal troféu com outras obras que já têm uma forte presença nos certames globais esta temporada, como “Gagarine” ou “Limbo”. 

Fora de competição e na secção Panorama Internacional encontram-se ainda alguns dos filmes mais falados do ano, como “Nomadland”, “Dear Comrades”, “Fear” e o explosivo “Nueva Orden” de Michel Franco. A televisão e streaming não são esquecidos, tal como um olhar cuidado sobre o cinema do mundo árabe, sendo particularmente interessantes painéis de discussão programados em torno da representatividade e o papel da mulher na indústria do cinema. 

Uma nota final para os grandes homenageados desta edição do festival, onde encontramos,além de Christopher Hampton e Aleksandr Sokurov, o argumentista egípcio Wahid Hamed e a atriz Mona Zaki.

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