Segunda-feira, 20 Maio

“Saint Omer ” vence Festival de Sevilha. Portugal conquista três prémios

O drama “Saint Omer “,estreia em longas-metragens de ficção da francesa de origem senegalesa Alice Diop, arrecadou o principal prémio no Festival de Cinema de Sevilha, evento que decorreu de 4 a 12 de novembro na capital da Andaluzia.

Segundo o júri do certame, composto por Mounia Akl, Charles Tesson, Rocío Mesa, Laurentina Guidotti e Elisa Victoria, o Giraldillo de Ouro foi entregue à obra de Diop pela “grande confiança concedida, no âmbito de um julgamento , ao poder da palavra de compreender a realidade enquanto mostra através dela a névoa do inexplicável”. 

Inspirado no caso real de uma mulher que é levada a tribunal pela morte da filha de 15 meses, o filme toca em temas como a maternidade, o preconceito racial e a consciência crítica de uma sociedade multicultural. “Saint Omer “conquistou ainda o prémio de melhor argumento, assinado  por Diop, Amrita David  e  Marie Ndiaye, pelo “cuidado na escrita dos personagens e na expressão oral/verbal como manifestação visível e profunda do ser humano“.

O outro grande vencedor do certame foi  “Close” , filme de Lukas Dhont sobre a perda na infância, que recebeu o Grande Prémio do Júri pelo “classicismo elegante da sua encenação, que cria um retrato comovente de duas personagens marcantes”; e o prémio de melhor ator ao jovem Eden Dambrine, por oferecer “um retrato atemporal e profundamente angustiante da infância, culpa e perda“.

Ainda na competição principal, o Prémio Especial do Júri reconheceu o português “Fogo-fátuo“, de João Pedro Rodrigues, pela “capacidade” do cineasta português em “tratar com o humor, a partir da fantasia e com grande originalidade, questões importantes como a relação entre a aristocracia e o povo, o colonialismo ou o arrebatamento do amor ”.

O melhor realizador foi Pietro Marcello  por  “Scarlet“, mas Paolo Taviani por  “Leonora addio “foi também laureado, tendo o júri destacado que: “Seguindo os passos de Sergio Leone, Paolo Taviani entrega seu especial  Once Upon a Time in America  com um minimalismo maravilhoso”.

Nesta secção, a melhor atuação feminina foi para duras atrizes: Zahra Amir Ebrahimi,  pela sua presença em “Holy Spider,”  de Ali Abassi; e  Julie Ledru , estrela de “Rodeo , de Lola Quivorón.

Finalmente, nos prémios técnicos “Les enfants des autres” , da francesa Rebecca Zlotowski, conquistou a distinção de melhor montagem (Géraldine Mangenot), enquanto na fotografia, a estatueta foi para Mauro Herce  pelo seu trabalho em  “Matadero” , de Santiago Fillol.

Passando para a secção Novas Ondas (ficção e não ficção), Portugal destacou-se com dois prémios: “A noiva“, de Sérgio Tréfaut, recebeu o Prémio Especial Las Nuevas Olas pelo seu “novo olhar atento a uma realidade tão contemporânea quanto as noivas da ISIS“, enquanto “Viagem ao Sol“, de Susana de Sousa Dias e Ansgar Schaefer, foi distinguido com o prémio de melhor filme de não ficção pelo “compromisso político plano a plano, cheio de elegância e humanidade“.

Ainda assim, o melhor filme desta secção foi para a estreia nas longa-metragens da escocesa Charlotte Wells, “Aftersun“, “pela sutileza com que aborda um assunto tão complexo e delicado como a perda do relacionamento de um pai com a sua filha“, bem como pela sua “escolha precisa de os momentos para construir personagens elegantes e orgânicos a partir de uma proposta intimista e sensorial”.

Uma nota final para a escolha do público de Sevilha. “Blue Jean“, da britânica Georgia Oakley, conquistou a distinção “Histórias Extraordinárias“, enquanto enquanto o Grande Prémio do Público para melhor filme da Seleção EFA foi para “Tori e Lokita“, dos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne.

Notícias