Um ano depois de exibir “Chico Fininho” (2018), o Porto/Post/Doc dedicou nova atenção em 2019 ao seu realizador, Sério Fernandes, através de um documentário assinado por Rui Garrido, que foi aluno da Escola Superior Artística do Porto (ESAP), onde José Eugénio Sério Fernandes deu aulas e foi seu professor.

Agora com estreia comercial, em tempos de pandemia, “Sério Fernandes – Mestre da Escola do Porto” chega as salas nacionais para nos mostrar a vida do publicitário e realizador até aos dias de hoje, funcionando às vezes como uma biografia convencional entre entrevistas atuais e imagens de arquivo, quer dos seus filmes, quer de trabalhos de alunos que lecionou. O que é mais interessante é a análise entre o criador, o formador e o homem que Sério foi e é, de personalidade vincada e profundamente apaixonado pelos animais: não só os que alimenta e acarinha diariamente, mas também aqueles que já partiram e que ele mapeou mentalmente onde encontraram o último pouso.

E falando-se de Sério Fernandes fala-se igualmente da Bei Film, porta ao lado da sua num dos seus espaços, de algumas pessoas que por lá passaram, atritos que foram vividos, e o imenso espólio guardado em bobines e bobines empilhadas, as quais Sério apenas lamenta não ter enterrado durante as obras do Metro da Invicta.

É nestas afirmações que encontramos também o seu lado “teatral”, explícito igualmente quando carrega um quadro pelas ruas do Porto, ou lança para o mar uma bobine do filme “Odisseias“, de 1987, ou ainda quando no cimo de um monte relembra que muita poesia Eslovaca já se ouviu ali.

Pontuação Geral
Jorge Pereira
serio-fernandes-mestre-da-escola-do-porto-romaria-a-uma-figura-impar"Sério Fernandes – Mestre da Escola do Porto" revela ser um objeto curioso sobre a vida do publicitário e realizador até aos dias de hoje