Quinta-feira, 2 Maio

«Pain & Gain» (Dá & Leva) por Hugo Gomes

A verídica história de três culturistas que, para fugir aos seus rotineiros sufocos financeiros, decidem exercer golpes em alguns dos milionários de Miami, é para Michael Bay a sua própria definição de cinema de autor. Porém, não pensem que temos aqui a compensação do realizador por literalmente transformar uma bem sucedida linha de brinquedos,  presente na infância de muitos, num verdadeiro estudo de “mau cinema” na sua trilogia Transfomers. Longe disso, para Bay as palavras “cinema de autor” são sinonimo de devanear entre improvisos narrativos, recorrer a “atropelamentos” de personagens e exceder nos seus habituais tiques diretivos (o slow motion inicial é deveras irritante).

Porém mesmo sob uma fase supostamente mais sóbria e calma, visto que não está a “conduzir” nenhum blockbuster milionário, Michael Bay volta a ser um “fascista” estético, um vendido aos baratos artifícios comerciais e por fim um verdadeiro inapto em criar personagens. As situações aqui expostas e o potencial desta história verídica poderia nas mãos de alguém mais capaz e menos pretensioso ser um interessante retrato cómico-drámatico, mas infelizmente somos confrontados com um objeto de pura fixação visual e sem carisma, que chega mesmo a parodiar-se a si mesmo. Enfim, para quem julgava que o realizador em território mais artístico daria cartas (acredito que exista gente que pensou tal e qual), então Dá & Leva é um erro. Para quem não esperava nada de novo dentro do cinema de Bay, sairá como confirmado os “talentos” que se escondem por trás daquela mente algo distorcida.

Contudo, e não sendo totalmente um dos piores filmes em cartaz, adianto que Dwayne Johnson sobrevive e a fita tende em melhorar um pouco com a entrada de Ed Harris. Quanto ao desempenho plano e algo adormecido de Mark Wahlberg … prefiro não falar sobre isso! Dá & Leva é tão confuso que chega mesmo a ser entediante, uma criação de Bay longa e plástica como a maioria das manequins utilizadas pelo mesmo. Recomendado somente para quem crê que num futuro próximo o estilo emanado nas fitas de Michael Bay seja por fim reconhecido (quem sabe, já que atualmente consagram Ed Wood).

O melhor -O esforço de alguns atores
O pior – os filmes de Michael Bay são nulos em personagens femininas, não em quantidade mas em qualidade.


Hugo Gomes

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