A estreia de George Lucas na indústria cinematográfica foi marcada pela estreita colaboração com Francis Ford Coppola, que o ajudou a produzir “THX 1138” (1971), adaptação de um das suas curtas-metragens experimentais realizadas na Universidade do Sul da Califórnia. Desde o seu primeiro longa-metragem, George Lucas encenou temas que lhe são caros: a ficção científica para denunciar uma sociedade de constante monotorização, do amor para combater o destino bem como o conformismo e a inversão de valores morais para desafiar o papel do bem e do mal.
Com “American Graffiti“, uma ode à juventude americana, George Lucas revelou Harrison Ford e realizou o seu primeiro grande sucesso, o que lhe permitiu embarcar na sua ambiciosa saga.
Uma odisseia intergaláctica visionária que reinventou os códigos dos gêneros cinematográficos como parte do movimento New Hollywood, “Star Wars” não é nada mais, nada menos do que uma mitologia, um estudo que fascina George Lucas desde os tempos da universidade, na construção de personagens e enredos e na amplitude do seu alcance cultural. Tal como Tolkien na literatura, Lucas imaginou um universo, com a sua geografia, populações, línguas, valores morais e até veículos. Esta ambição excepcional, que inicialmente assustou os produtores da 20th Century Fox e levou a um cansativo período de pós-produção, foi, no entanto, a receita para um sucesso sem precedentes: o filme cativou multidões americanas e tornou-se um fenómeno sociocultural mundial, que continua até hoje.
No espaço de 40 anos, George Lucas construiu um verdareiro império em Hollywood, fruto dos nove episódios da saga — quatro dos quais ele próprio realizou. Com a sua empresa Lucasfilm e as suas diversas subsidiárias, adquiridas – em 2012 – pela The Walt Disney Company, George Lucas esteve envolvido em inúmeros projetos. A sua paixão incansável pela tecnologia fez dele um dos pioneiros da indústria de efeitos visuais: fundou a Industrial Light & Magic e ajudou a desenvolver muitas novas tecnologias visuais, incluindo a câmara assistida por computador. No som, contribuiu para a evolução do estéreo através da sua empresa THX. Também fundou o famoso estúdio de animação Pixar. Além disso, George Lucas é um produtor notável: além das três trilogias “Star Wars“, está associado ao desenvolvimento de filmes míticos de outros diretores, desde “Kagemusha” de Akira Kurosawa até a saga “Indiana Jones“, que criou.
“O Festival de Cannes sempre ocupou um lugar especial no meu coração. Fiquei surpreendido e alegre quando o meu primeiro filme, “THX-1138“, foi selecionado para ser exibido num novo programa para realizadores iniciantes designado Quinzena dos Realizadores. Desde então, voltei ao festival em diversas ocasiões, desempenhando diversas funções como escritor, realizador e produtor. Estou verdadeiramente honrado com este reconhecimento especial que significa muito para mim.”, esclarece George Lucas.
A Palma de Ouro Honorária será entregue ao cineasta no palco do Grand Théâtre Lumière durante a Cerimónia de Encerramento do certame no sábado, 25 de maio de 2024. A homenagem àquele que – na nota de imprensa – denominam como “uma das maiores figuras do cinema contemporâneo, um homem com uma carreira extraordinária, que reúne o grande entretenimento e a inovação, a mitologia e a modernidade , a cinefilia e a tecnologia“.
