Domingo, 28 Abril

«Project X» (Projecto X – Fora de Controlo) por André Gonçalves

Era uma questão de tempo até o género “found footage” encontrar a comédia de adolescentes com as hormonas aos pulos. Mas o que é certo é que nem podemos atribuir a “Project X” o crédito de primeira comédia “teen” de “câmara à mão”: em 2010, “The Virginity Hit”, um falso-documentário sobre a perda da virgindade, chegou primeiro à fonte, para posteriormente se afundar das nossas memórias coletivas. 

“Project X” tinha à partida melhor “pedigree” para suceder onde “Virginity” falhou: Michael Bacall, o autor da história e um dos argumentistas, foi também um dos escribas do excelente “Scott Pilgrim Contra o Mundo”. Mas o que é certo é que este “projeto” vive exclusivamente de uma gímnica, por esta altura já um pouco cansativa e de criatividade nula, colando-se a ela qual sanguessuga esfomeada (ignorando pelo caminho qualquer noção de “storytelling”), para depois ruminar hora e meia sobre uma coleção de apanhados (?) ofensivos e de elevado mau gosto, que conseguem na melhor das hipóteses sacar uns sorrisos amarelos. 

Ao tentar reportar “ao vivo” a “festa mais épica de sempre” – este é o argumento do filme, basicamente – o filme acaba ironicamente por ser das experiências mais penosas dos últimos tempos. São 88 minutos que se transformam mentalmente em 188, pelo menos para quem já atingiu a maioridade (legal e cinéfila), e percebe que muito melhor que ver uma festa à distância com conteúdos para maiores de 16 anos, é vivê-la, e seguir em frente. E eis o pecado mortal de “Projeto X”: nem sequer consegue estimular o nosso “voyeurismo” natural o suficiente para desculparmos a sua ausência total de propósito. Uma sessão de hora e meia a ver vídeos de apanhados do Youtube acabará por ser uma experiência mais informativa e recompensadora… Quem estiver ainda assim com vontade de se rir e ver mamas destapadas, é ir ao enésima sequela de “American Pie”, que tenho a certeza que parecerá uma obra-prima madura comparada com isto. 

O Melhor: A festa parece de facto ser épica, e moderadamente selvagem, se formos um jovem de 16 anos.  

O Pior: Filmar uma “festa épica” sem mais qualquer outro propósito justifica mais 15 minutos de uma curta (ou um videoclip) divulgada no Youtube que uma longa-metragem de 88 minutos… 
 
 
 André Gonçalves
 

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