Sábado, 18 Maio

A maternidade carrega contradições: a propósito do filme Julia y el zorro.

Julia y el zorro (Julia and the fox/Julia e a raposa) de 2018 é um filme instigante e provocador. É a segunda longa-metragem da argumentista e realizadora argentina Inés María Barrionuevo. Estreou no Festival Internacional de Cinema de San Sebastian/Espanha e envolve o universo familiar e intimista de uma mulher de cerca 50 anos, Julia (Umbra Colombo), uma reconhecida atriz, cuja profissão deixou para trás. Ela é mãe de Emma (Victoria Castelo Arzubialde) e juntas estão a atravessar o luto e a dor pela perda do marido e pai da menina de 12 anos; as duas instalam-se durante o inverno numa grande casa de campo num vilarejo ao redor de Córdova, Argentina, uma moradia onde compartilharam no passado dias felizes.

Num monólogo longo e lento da peça teatral Happy Days/Dias Felizes (1961) de Samuel Beckett, concebida em dois atos, com estética minimalista e subtis movimentos repetitivos que se diferenciam, a protagonista Winnie (que assim como a personagem do filme de Inés, é uma mulher de cerca de 50 anos) encontra-se enterrada até o pescoço por um monte de terra, presa num espaço a tentar deter a passagem do tempo. Uma mulher que sente-se devorada pelos seus gestos e afetos, presa à sua vida pretérita, a um tempo que a impede de agir num presente em colapso e que escorre por inércia e sem comoção.

Fazendo uma conexão com a personagem do filme Julia y el zorro, Julia está presa ao tempo passado com o marido, que já não existe mais, abandonando a sua vida no palco e perdendo o poder de expressar os seus gestos e vitalidade, vivendo num presente que escoa por imobilidade e sem emoção.

Na dramaturgia Beckettiana e na encenação de Inés é o estado íntimo das personagens que mais interessa. Ambas as narrativas abarcam a história de mulheres, que por razões distintas vêem-se distantes dos companheiros de vida. Na primeira, o homem está supostamente vivo, mas fisicamente invisível em cena; e na segunda, o marido de Julia morreu num acidente de carro. Winnie e Julia, são duas mulheres atadas no espaço-tempo frente aos seus sentimentos. Elas resistem e precisam apostar nas suas próprias vidas para lá do que foi ou resta da relação com os maridos.
Fica então um convite a refletir: o que PARALISA e o que LIBERTA?

Julia deixa a sua moradia na cidade e retorna à casa herdada do marido, na intenção de reformá-la e vendê-la, lugar onde vai transcorrer dias desafiantes com a filha, que muitas vezes confronta a sua responsabilidade enquanto mãe. Ambas estão em sofrimento emocional e num estado de inquietante calmaria, de tensão perturbadora e pungente. Durante a estadia, Julia vê-se diante da necessidade de lidar com os seus fantasmas e com a maternidade, algo difícil e conflituoso para ela e com a filha, a qual sente-se desamparada e pouco acolhida pela mãe. Estabelecendo uma relação por vezes de rispidez entre elas, cada uma defende-se como pode, agarra-se ao vazio e à ausência do pai e marido que tanta falta lhes faz. Depois da morte do
companheiro, Julia perdeu o interesse por tudo e será muito lentamente que este sentimento vai mudar ao longo do filme e não de modo fácil para ela e Emma.

A casa para onde se deslocaram, se encontra em abandono pois ficou fechada por longo tempo depois da morte do marido de Julia, e pode ser uma metáfora do estado existencial dela e sua filha. No dia-a-dia vamos
perceber a impossibilidade de comunicação e demonstração de afetos entre estas mulheres, que por mais que
estejam tristes e fragilizadas precisam inventar novos modos de vida para sobreviverem enquanto mãe e filha. Elas tentam, se debatem, insistem e uma sustenta a outra em sua angústia. Em raros momentos a mãe expressa afeto pela filha, como vemos na imagem ao lado.

Há momentos em que Julia expressa-se de modo egocêntrico, mas ela sequer tem amor por si própria, muito menos para doar. E tampouco tem paciência e empatia com a filha para assumir os supostos deveres maternais. Vivendo sozinha com Emma, a maternidade torna-se um fardo para Julia, algo nada aprazível; se é que no passado, enquanto era atriz e vivia com o marido, ser mãe era algo que lhe dava prazer. Ela não consegue conectar-se com a filha no tempo presente, talvez isso não tenha sido possível também quando o marido estava vivo, época em que Emma demonstra no filme que recebia amor e cuidados do pai. A mãe e a filha, não se conhecem bem e em várias cenas ouvimos e vemos isto nos diálogos entre elas. Julia, assim como Emma, está abalada, perturbada, sem afetos positivos. A mãe está mal consigo mesma e com a filha. Não há amor entre elas. Existem mulheres que não querem ou não dão conta de cuidar de filhos. Julia é uma dessas e não se sente culpada por isso, mas é possível que haja um julgamento social (dos espectadores) por agir assim. As mulheres e mães sempre foram julgadas pela sociedade pelo que fazem ou deixam de fazer.

Através de gestos agressivos e dissonantes, em especial da mãe, dando a ver o quão é doloroso para Julia ser mãe, o quanto a ausência do marido e pai de Emma desestabiliza estas duas gerações de mulheres; e o quão difícil é para Julia recompor os liames familiares, ao mesmo tempo que libertar-se dos limites e do insustentável peso e papel social de ser mulher e mãe. Uma mulher e mãe que não finge ser o que não é.
A relação conflituosa entre uma mãe e filha é algo que acontece também no plano da realidade, A MATERNIDADE CARREGA CONTRADIÇÕES. Aliás, tenho visto recentemente muitas mulheres relatarem
publicamente que a maternidade não é a todo tempo algo tranquilo e feliz. Libertando-se de uma suposta plenitude ou prazer permanente em ser mãe e amar os filhos incondicionalmente.

Para a feminista Chimamanda Ngozi Adichie, a mulher não deve ser definida apenas pela maternidade, mas com uma pessoa completa. Ela destaca ainda que não existe uma Super Mulher. Há uma certa hipocrisia na sociedade em que ser mãe é ser perfeita e realizar-se como mulher, o que as pessoas esquecem é que mães são seres humanos, têm sentimentos humanos e nem todas as mulheres querem e se realizam sendo mães. A maternidade não pode ser uma obrigação social e uma mulher, mesmo depois de gerar um filho, pode perceber que não é capaz de ser mãe nos moldes sociais ou de assumir as presumidas tarefas de uma mulher-mãe. Esta discussão sobre a mulher e a maternidade pode ser apreendida na narrativa muito bem alinhavada do filme de Inés Barrionuevo.

A escritora feminista brasileira Clara Averbuck, num recente texto sobre a comemoração dos dias da mães, relata que a sociedade coloca um peso e toda a responsabilidade de ter e criar filhos na figura da mulher, da mãe e isenta os pais. Homens que, no meu ponto de vista, no Brasil, em sua maioria, servem quase sempre para acasalar/procriar e não para cuidar dos filhos, o que para a sociedade está tudo bem, pois é à mulher-mãe que é conferido tais cuidados. Clara declara ainda: “Não romantizem a maternidade. Mãe não é guerreira, super-heroína, não é “pãe”. Mãe é gente, mãe erra, sente, sofre. Mãe vive, mãe transa, mãe goza. Mãe existe além de ser mãe. Mãe é indivíduo, não ser imaculado. Não romantizem a maternidade. É difícil lidar com filhos, lidar com a expectativa da sociedade e com o peso que ela nos coloca sobre os ombros e que nos sufoca.“.

Outra brasileira que não romantiza a maternidade é a atriz Karla Tenório. Ela confessa neste texto que sente culpa por ser mãe, algo que lhe é doloroso. E complementa: “Transformei a minha angústia em um movimento para amparar mulheres como eu: que não gostam da maternidade. Sou criadora do “Mãe Arrependida” que visa à libertação da voz das mães que não são felizes como mães, que sofrem e sentem culpa por conta da maternidade“.

Na visão da intelectual feminista bell hooks, no seu livro Tudo sobre o amor (2021), as mulheres são encorajadas pelo pensamento patriarcal a acreditar que devem ser sempre amorosas nas relações familiares.

Julia aproxima-se do pensamento dessas mulheres e ao longo do filme vai reconstruindo a sua identidade enquanto mulher e mãe, assumindo as rédeas da sua nova vida, saindo do interior de si e do amargor do luto. Neste sentido, ilustro uma bela cena aos 46’ 26’’- 48′ 16 ” (imagens a seguir), em que ela está num bar com o amigo Gaspar e uma mulher (Marta del Valle Rodriguez) canta Como te ha ido?, música composta por German A.Sanchez, cuja letra atinge o lado emocional de Julia e parece levá-la ao seu longínquo passado afetivo. Mas ela retoma a sua liberdade, voltando-se para a realidade, levanta-se e lança-se na pista de dança com o seu amigo Gaspar, juntando-se a outros dançantes que também foram atraídos pela deliciosa, ritmada e envolvente sonoridade.

Um filme cuja protagonista provoca o pensamento e dialoga com a personagem Julia e que desejo aproximar da narrativa construída por Inés, é A mulher canhota (Die linkshändige Frau), 1978, do austríaco Peter Handke, uma adaptação do seu romance homónimo (título para mim estranho). A protagonista, Marianne (Edith Clever), assim como Julia, é uma mulher de cerca 50 anos. Tradutora, vive numa grande casa nos subúrbios de uma zona industrial de Paris, casada, aparentemente feliz, e mãe de um filho com cerca de 12 anos. Uma mulher que de um momento para o outro e sem justificação visível decide separar-se e manda embora de casa o marido (Bruno Ganz), separando-se sem discussões. A partir daí ela tem que lidar com o solitário trabalho de tradutora, os seus afetos e fantasmas, as provocações e tramas infanto-juvenis do filho (assim como aqueles de Emma, a filha de Julia), lidar com todas mudanças que deseja para a sua nova vida. Marianne vai delineando sua autossuficiência e liberdade, vivendo fora das convenções sociais.

Tanto Julia quanto Marianne são mulheres que rompem as imposições sociais com relação à maternidade, a ser mulher e mãe. Em algumas cenas, certas ações, falas, gestos e sentimentos delas, nos dois filmes, podem até mesmo desestabilizar aqueles que têm uma cabeça mais aberta sobre estes temas, pois o imaginário social ainda é muito focado numa estrutura masculina e repressiva no que diz respeito aos direitos da mulher e à sua independência. A maternidade e as suas divergências têm estado cada vez mais na pauta das discussões femininas e em alguns filmes recentes de algumas realizadoras. Não dá mais para ignorar o quanto esta questão afeta muitas de nós mulheres.

Sobre o roteiro do filme Julia y el zorro, numa entrevista concedida em novembro de 2018 na Argentina, a cineasta declara que foi construído com pequenas notas, partindo da história da sua própria família, da sua avó e mãe, misturada com outras. Inclusivamente, nos créditos iniciais, ela dedica o filme à sua avó. E relata que o título e a estrutura da narrativa do filme foram inspirados em fábulas que têm como personagens dois animais (ou a eles fazem alegorias).

Uma fábula é um texto narrativo alegórico que constrói e relaciona os personagens às qualidades ou defeitos, aos sentimentos do homem através do comportamento dos animais. Ligação que vemos no cartaz do filme (frame à esquerda), nas parcas cenas no quintal da casa quando Julia, à noite, alimenta el zorro (frame à direita) e depois no final do filme. El zorro em português é raposa, nome que em espanhol é masculino.

Isto remeteu-me às famosas Fábulas de Esopo (620—560 a.C.), um contador de histórias da Grécia antiga, que nas suas narrativas colocava em relação dois animais, delineando as suas características e pensando em deixar visível a moral da história. Trago o exemplo da fábula do macaco e a raposa: “Um macaco sem rabo pediu a uma raposa que cortasse metade do seu e lhe desse: ‘como o teu rabo é demasiado grande, pois até se arrasta e varre o chão; o que dele sobra poderia dar a mim para cobrir as partes que vergonhosamente estão descobertas’. Respondeu a raposa ao macaco: ‘prefiro que ele arraste e varra o chão, do que tu te aproveitares dele. Por isso, não te darei, não quero que te beneficies de algo meu’. E assim ficou o Macaco sem o rabo da Raposa”.

Moral da história: Semelhantes a esta Raposa são todos os que não querem que algo seu seja útil a outrem; e igualmente aplica-se àqueles que muito têm e não querem partilhar com quem sofre pela falta.

A realizadora do filme aproxima o comportamento de uma mulher e um animal, à raposa, que é silenciosa, observadora e astuta. Há muita coisa no filme simbólica e metafórica. Diferente das fábulas de Esopo, a personagem Julia não foi pensada como uma fábula moral, pelo contrário, Inés questiona os moralismos, as regras sociais que são exigidas à mulher e desconstrói a maternidade e a noção “normal” que temos de família, de um modelo estabelecido socialmente.

No derivar da narrativa fílmica, como num rito de passagem, algo vai alterar com mais intensidade o rumo da vida conflituosa e solitária de mãe e filha, quando Julia reencontra Gaspar (Pablo Limarzi), um amigo de longa data e do campo artístico, assim como ela. A partir daí e das mudanças internas de Julia, juntos reconstroem as suas narrativas existenciais inventando e partilhando um novo arranjo familiar composto por uma mulher, uma pré-adolescente e dois homens, composição pouco convencional, mas possível nos tempos atuais. Refiro-me a realidade e não apenas a ficção.

O filme foi rodado com predominância de planos mais fechados e cenas internas, aproveitando muito bem a luz que entra pelas janelas da casa onde estão a viver Julia e Emma, como vemos nos frames abaixo. Imagens que parecem pinturas, uma fotografia primorosa predominando os tons esverdeados e amarelados escuros (incluindo as cores do figurino das personagens e do mobiliário da casa). Fotografia que aproxima do estado de alma, da intimidade cheia de tensão e melancólica das duas protagonistas. Imagens captadas por Ezequiel Salinas num ajuste cuidadoso das cores e da luminosidade, flertando com o cinema pictórico do português Pedro Costa. Todavia, à medida que os sentimentos de Julia vão sendo transmutados, as cores vão clareando. Inclusive, no final do filme, ela está a usar um casaco vermelho carmim.

Ressalto ainda a suavidade da banda sonora, expressando os sentimentos da Julia (como na mencionada cena da dança no bar) e os da filha nas suas descobertas infanto-juvenis; somado aos movimentos que compõem a vidas dessas mulheres, aos sons da natureza e os ruídos de portas e janelas da casa onde vivem. Saliento, por fim, que os atores são bem dirigidos por Inés, estão muito à vontade diante da câmara.

Depois de ter praticamente finalizado este texto, numa troca de e-mails com a realizadora, perguntei-lhe as suas referências para este filme. “As referências são muitas. Vêm de lugares diferentes, quase como uma fragmentação de memórias, imagens, as minhas próprias experiências. Foi assim que o filme se construiu ao longo dos anos de desenvolvimento. Escrevo num caderno ou bloco de notas e junto as coisas, no final é como uma memória do imaginário do filme. Há um filme específico que inspirou-me para Julia y el zorro, é “Casa de Lava” de Pedro Costa e também o seu caderno de apontamentos sobre o filme. Sobretudo a sensação que gerou em mim num dia quente de Verão quando o vi e a forma como ele contou a história ao estilo de Bresson, com uma certa austeridade e secura nas filmagens. Tinha acabado de fazer o meu primeiro filme, que é muito diferente, e isso mudou a minha maneira de pensar o segundo filme que eu estava prestes a realizar”.

Perguntei também a Inés quais as dificuldades de fazer cinema hoje na Argentina, sobretudo para realizadoras: “É difícil falar de cinema no meio de uma pandemia global. Sinto que algo perdeu o seu significado, é triste, não podemos continuar a fazer este trabalho da forma como o fazíamos antigamente. Sinto que temos que nos reinventar, é um caminho difícil. Quanto a ser mulher e fazer filmes… há uma naturalização que vem com muitos anos de patriarcado de certos papéis no cinema. Isto está a mudar pouco a pouco. Para mim, não se trata apenas da cota de género nas filmagens, mas também de mudar coisas que não são tão óbvias, como comportamentos ou formas muito subtis de trabalho no set de filmagem. Parece que as mulheres e a tarefa histórica de serem relegadas para tarefas domésticas também nos deu uma grande capacidade de força e adaptação”.

Julia y el zorro” foi realizado com recursos do Instituto do Cinema Argentino (INCAA) e obteve apoio do pólo audiovisual de Córdoba e do Município de Unquillo, localidade onde foi rodado, que fica próxima a Córdoba. Ele integra a edição especial da Mostra de Cinema Argentino de Mujeres, composta pela filmografia completa de Inés María Barrionuevo. Títulos descritos a seguir, em ordem de produção, todos ficcionais. Serão exibidos online e grátis na plataforma brasileira Belas À La Carte.

AS LONGAS-METRAGENS:

Las motitos |ARG|2020|84’.
Juliana e Lautaro moram num bairro humilde e assediado por policiais, estão apaixonados e enfrentam uma gravidez indesejada. Eles não sabem como ou a quem recorrer para evitar a ilegalidade e a falta de moradia, até que Flor, mãe de Juliana, percebe o que está acontecendo e reage; depois, os adolescentes voltam a se encontrar. TRAILER
Este filme será lançado na Mostra.

Julia y el zorro (Julia and the fox) 2018. Duração de 105 min, Classificação: 16 anos. TRAILER | Link com breve fala da diretora sobre o filme.

Atlántida |ARG/FRA|2014|88’| Classificação: 13 anos.
Argentina, 1987, num dia quente de verão e uma tempestade lentamente se aproxima da cidade. Lucia e sua irmã Elena lutam contra o calor na piscina local, onde a fofoca é o principal desporto. Elena conhece Ignacio, um médico com o dobro de sua idade, Lúcia encontra-se com Ana, uma amiga de sua irmã, e juntos eles vão para a periferia da cidade. As duas irmãs vivem um momento de iniciação, que começa e termina nesta tarde de tempestade, e nada mais será o mesmo para elas. TRAILER

AS CURTAS-METRAGENS:

La prima sueca |ARG|2017|19’.
Faltam apenas poucos dias para a festa de 15 anos de Cata. Agora é a sua hora de celebrar este grande evento tradicional. Ela divide seu tempo entre dançar, sair com amigos depois da escola e um vestido assustadoramente justo. Poucos dias antes da sua festa, do nada, uma prima com um pensamento diferente e liberal chega para ficar na sua casa. Em um mundo sem adultos, faltando apenas alguns dias para seu dia especial, Cata começa a sentir como se tudo nela estivesse perdendo o significado. TRAILER

La quietude |ARG|2012|14’.

É final de uma manhã e Franca dorme. Maria a interrompe, a acorda e a cobre, na tentativa de tirá-la da apatia que se encontra. Maria está meio bêbada e empolgada depois de uma noite longa de festa. Franca, ao contrário, está triste e passando por uma crise. As duas amigas conversam entre um lugar e outro, do conforto e intimidade que compartilham, sobre relacionamentos, tempo e como a vida passa. TRAILER

Confiram a programação completa nos canais da Mostra de Cinema Argentino de Mujeres: Cinemujeres.com; Instagram e Facebook . Esta é uma edição especial, uma retrospectiva dos filmes de Inés María Barrionuevo. Mostra organizada pela Produtora Argentina Luisina López Ferrari, em Belo Horizonte/Brasil, ela que reside desde 2011 na capital de Minas Gerais. O evento conta com a produção de Ana Amélia Arantes e Carla Onodera. A 1ª Mostra aconteceu em março de 2019 e igualmente teve curadoria de Luisina. E diferente deste ano que foca no cinema de apenas uma realizadora, em 2019 foram várias.

Além dos filmes, destaco a Masterclass: “cuarto proprio”, em que a realizadora Inés María Barrionuevo, irá falar sobre seu processo de criação. Terá legendas em português e será transmitida pelo YouTube no dia 29/05/2021 das 9h às 11h (hora BR) e das 13h às 15h  (hora PT).

Sublinho ainda que a correalizadora de Las Motitos (2020), Gabriela Vidal, é convidada da Mostra.

Os filmes de Inés foram exibidos em salas de cinema na Argentina e em distintos festivais de cinema, no já citado Festival Internacional de Cinema de San Sebastian, no de Mar del Plata, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, entre outros. A sua primeira curta-metragem, La quietud (2012), participou no Festival de Locarno em 2013 e foi selecionado no Concurso Internacional do FICIC-Festival de Cinema de Mar del Plata. A segunda curta, La prima sueca (2017), correalizado com Agustina San Martín, circulou por importantes festivais do circuito internacional como BFI London, Festival de Cinema de Berlim 2017, Queer Lisbon, Festival Internacional de Cinema Feminino do Cairo “Bain Synemayat”, 21º Queer Film Fest Weiterstadt, TWIST: Seattle Queer Film Festival, 18ª edição do Festival de Cinema Queer MEZIPATRA, 28º Lesbisch Schwule Filmtage Hamburgo, entre outros. Foi premiado como Melhor Curta-Metragem no Festival Huelva 2017 e Melhor Curta-Metragem BAFICI 2018. A sua primeira longa-metragem, Atlántida (2014), teve estreia mundial no Festival de Berlim. Julia y el zorro (2018), a segunda longa-metragem, teve estreia mundial na seção Novos Diretores do Festival de San Sebastian. E em codireção com Gabriela Vidal, realizou Las Motitos (2020), que estreou no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata. Atualmente ela está a terminar a pós-produção da sua quarta longa-metragem.

Inés María Barrionuevo nasceu em 1980 em Córdova-Argentina, onde cresceu e se formou como realizadora e argumentista. É graduada em Comunicação Social pela UNC-Universidade Nacional de Córdoba, com especialização em Audiovisual. Foi professora de Roteiro na La Metro e de Direção de Cinema na La Lumière. Escreve, dirige e produz para cinema e televisão. Em 2017, fundou a produtora Gualicho Cine.


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