Quinta-feira, 2 Maio

IndieLisboa’13: «Rocker» por Jorge Pereira

Depois da curta «Megatron» (2008) e de «Morgen» (2010), Marian Crisan regressou ao IndieLisboa num tom que tem marcado grande parte da cinematografia romena recente, ou seja, o voltar-se para as disfunções familiares e o relacionamento por vezes obcecado dos país em relação aos filhos (que de diferentes maneiras eram também as bases de “Everybody in our Family”, que passou pelo Indie em 2012, e de “Child’s Pose”, que venceu este ano o Festival de Berlim).

Colocando grande parte da narrativa nas costas do seu ator principal, Dan Chiorean, em “Rocker” seguimos um pai, Victor (Chiorean), que vive com o seu problemático filho, Florin (Alin State), numa pequena cidade chamada Oradea, local onde desempenha um emprego ligado à topografia. O seu dia-a-dia é passado entre esse trabalho, os pequenos crimes (com roubar um par de ski’s que não consegue vender), algum tempo com a companheira (uma mãe solteira) e lidar com o filho que é líder de uma banda (Os Iguanas) e que sofre com a dependência das drogas.

O relacionamento dos dois é o centro da atenção do filme, que mais uma vez se esforça em mostrar que as relações de abuso psicológico nas famílias romenas são dignas de se tornarem um assunto fulcral que mereça estar constantemente na sua cinematografia.

E é particularmente penoso assistir à foma como Victor tem de lidar com os excessos de Florin, especialmente aplicando uma politica de não restrição total (o pai chega a injectar o filho), mas que ainda assim é vista pelo rapaz como uma forma sufocante de viver.

Com isto, Crisan consegue a espaços criar uma grande dimensão dramática na sua narrativa, faltando-lhe ainda assim alguma força nas ações das personagens, que não deve ser confundida com uma necessidade de melodrama. O facto de Dan Chiorean ser um ator habituado ao teatro ajuda num drama movimentado pelo estudo das personagens e pela forma como está disposto a executar sacrifícios pelo bem comum, estando Alin State também em plano no seu papel desnorteado e alterado por questões químicas.

Ainda assim, e mesmo sem nunca nos absorver completamente na sua história, Crisan consegue criar um trabalho sólido e que funciona mais a seu favor em termos de segunda longa-metragem, sem nunca ser propriamente um passo em falso após o sucesso que teve nas duas obras citadas acima.

O Melhor: O duo de protagonistas
O Pior: Em termos de história há muito pouco de novo

Jorge Pereira

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