Sexta-feira, 3 Maio

«The Iron Lady» (A Dama de Ferro) por André Gonçalves

Curioso ver Meryl Streep como o primeiro nome a aparecer nos créditos finais. Curioso, mas inteiramente justo, uma vez que, com “A Dama de Ferro”, Streep consegue, mais uma vez, uma performance bem acima do filme que se insere – um “biopic” bem frágil, longe da força e austeridade que associamos à figura que tanto segue – a de Margaret Thatcher, a primeira e única primeira-ministra britânica. 

A esta altura, é talvez redundante puxar a conversa de que a atriz é mais notável pelos seus desempenhos do que pelos filmes em si. Mas há que questionar se este é o verdadeiro potencial de Meryl Streep, quando parece escolher propositadamente projetos que a permitam brilhar exclusivamente. 

Dito isto, a atriz faz o melhor que pode com este retrato minimalista e caricatural de Margaret Thatcher, mais focado na sua fase posterior de senilidade, marcada por alucinações, e partir daí tentando mostrar-nos alguns momentos icónicos da sua vida e carreira via “flashbacks”. O argumento infelizmente não ajuda, insonso e pouco subtil, assim como a direção de Lloyd, que falha em nos mostrar um lado surpreendente que seja desta figura capaz de gerar reações tão apaixonadas… Muitas das transições aqui são compostas por: cena recente com Streep/Thatcher demente, “flashback” a anos gloriosos, montagem de confrontos populares com música a condizer e a cara impávida de Streep/Thatcher no banco de trás de um carro, repetir. 

Que fiquem descansados os mais preocupados com a política: “A Dama de Ferro” acaba também por não ser um filme pró- ou anti- qualquer coisa, de tão pouco que tem para dizer. Muita imagem para pouca substância. Até aí, vemos a figura de Thatcher traída. O único valor acrescentado que traz é estender a passadeira vermelha para Streep (e para a sua equipa de caracterização). A ver vamos se é desta que a atriz conquista finalmente o seu tão desejado 3º Óscar com esta sua imitação virtualmente perfeita, e siga em frente, para projetos mais desafiantes… 


O Melhor: Meryl Streep e a equipa de caracterização. 

O Pior: O argumento e realização.
 
 
 André Gonçalves
 

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