Sexta-feira, 26 Abril

«The Last Witch Hunter» (O Último Caçador de Bruxas) por Hugo Gomes

Por melhor visual que se tenha, a personalidade é algo substancialmente importante para a valorização de uma imagem. O Último Caçador de Bruxas tem em certa parte uma ostentação estética caprichosa, mas nada vale perante um tratamento industrializado. Vindo da mesma equipa que nos trouxe os abomináveis Priest (Padre) e Dracula Untold, aquele “terrorzinho” de estúdio que tem como intuito alimentar a curiosidade de adolescentes ligados a contraculturas da moda ou do público mais mainstream que julga que o género de terror é “too much” para os respectivos parâmetros, eis que surge Vin Diesel envergando pelo território sobrenatural com bruxas ao barulho.

Ele é Kaulder, um homem condenado à imortalidade pela Rainha Bruxa (Julie Engelbrecht) que torna-se na mais perfeita arma de uma secção obscura da Igreja Cristã para o combate e preservação da ordem num mundo que poucos humanos conhecem. Uma espécie de Cruzado renegado que enfrenta forças das trevas com a mesma exatidão que batalha meros mortais, liderando uma investigação de “whodunnit” que o próprio espectador conhece a léguas o desfecho, mas que mesmo assim persiste em criar uma ambiência de suspense falhada.

O Último Caçador de Bruxas, de Breck Eisner é o típico produto que se apoia na totalidade no seu protagonista, neste caso Vin Diesel, sob grunhidos e uma variedade de expressões (que se resume apenas uma), o qual consolida o seu estatuto de estrela de cinema de ação enquanto tenta aprender algo no ramo interpretativo com os seus colegas, em especial com o veterano Michael Caine. Talvez não estamos longe da verdade na afirmação de que Caine é o único motivo por que que Diesel aceitou um papel destes, até porque o seu desempenho tende a melhorar quando contracena com ele.

Fora isso, Vin Diesel é igual a si mesmo, o que não quer dizer muito, demonstrando ares de cansaço enquanto vagueia por um filme isento de personagens secundárias verdadeiramente trabalhadas e de um enredo que não tem a decência de fugir aos lugares-comuns, não somente do género, mas deste tipo de produções. Um filme tão medíocre que chegamos definitivamente ao porquê de Timur Bekmambetov ter fugido “a sete de pés” deste projeto.

O melhor – Michael Caine e o visual
O pior – O mesmo já consumido espetáculo, “over and over again“!


Hugo Gomes

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