Sexta-feira, 26 Abril

«Seventh Son» (O Sétimo Filho) por Hugo Gomes

Devido a um “divórcio” entre produtoras em 2013 que por um triz não o deixaram “órfão”, O Sétimo Filho chega por fim aos cinemas sob um atraso quase fatal.

Adaptado de uma série literária de Joseph Delaney, este é o filme que ignora por completo esta época dos prémios e serve como opção alternativa a qualquer espectador desinteressado pela mesma na sua ida ao cinema. No seu conjunto, este mundo imaginário que reúne feiticeiros, bruxas e dragões bem poderia soar como um bilhete de ida ao mundo “sword & sorcery”, esse popular subgénero dos anos 80 agora confinado às páginas de novelas literárias juvenis e no cinema apenas recebendo como “upgrade”, o reciclado conteúdo tolkiano.

Mas equivocados são esses que procuram em O Sétimo Filho uma aventura de velha escola  para o panorama produtivo dos dias de hoje. O que vemos neste filme de Sergey Bodrov (Mongol, Nomad) é uma anorética passagem pelo mundo fantástico que o cinema raramente nos proporciona e a afirmação dos códigos de videojogo que parecem estabelecer neste tipo de produções, cada vez mais direcionadas a adolescentes do que propriamente  veteranos.

Sim, é um jogo de tabuleiro formatado, conduzido por lugares-comuns e passagens incontornáveis da mais básica linguagem cinematográfica, prova disso é que meia hora após o seu visionamento, somos remetidos ao esquecimento do espetáculo anteriormente visto. Será amnésia? Não, apenas um tremendo déjà vu que faz com que afirmemos, utilizando a mesma cantiga, que Hollywood já não possui ideias, muito menos formas de induzir um filme ao seu público (sem com isso ser totalmente fiel aos seus efeitos visuais).

Se esse é o caso, então a culpa é da preguiça do espectador, porque a verdade é que não esperávamos daqui uma obra-prima nem a nova aventura tolkiana (visto que até mesmo esta anda a perder o seu gás), mas o que nos deixa tristes é assistir a dois atores de calibre como Jeff Bridges (cada vez mais comum neste tipo de produções) e Julianne Moore a serem reduzidos a caricaturas.

Em contrapartida, é embaraçoso o facto de Ben Barnes em não conseguir vingar em nada. O típico filme-pipoca, equivocado numa época que não lhe pertence.

O melhor – Julianne Moore e Jeff Bridges, apesar de tudo
O pior – o uso excessivo dos efeitos visuais, a narrativa contagiada por linguagem de videojogo e personagens unidimensionais.


Hugo Gomes

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