Sexta-feira, 26 Abril

«Yves Saint Laurent» por Carla Calheiros

Yves Saint Laurent, ícone da moda mundial, terá este ano direito a duas cinebiografias. A primeira obra a dar-se a conhecer é esta realizada por Jalil Lespert e protagonizada por Pierre Niney. Centrada no relacionamento amoroso e profissional entre Saint Laurent e Pierre Bergé (Guillaume Gallienne), o filme começa com um jovem YSL ao serviço da casa Dior.

Rapidamente é traçado o percurso de genialidade de Saint Laurent, que assume a direção criativa da Casa Dior com apenas 21 anos de idade. Mas a pressão do mundo da moda e a chamada imprevista para participar na guerra da Argélia acaba por nos mostrar todos os lados da vida de Saint Laurent. Um homem genial que tem de lidar ao mesmo tempo com a sua bipolaridade e timidez, ao mesmo tempo que se vai tornando um nome de referência na moda.

Como obra estética, Yves Saint Laurent é um belo filme, sobretudo para os apreciadores de moda, centrando parte da sua ação no processo criativo do autor e nas suas singularidades. E claro nas esplendorosas passagens de modelos, quer na casa Dior, quer já com a sua marca.

No entanto, a mesma eficácia não é concretizada quanto aos relacionamentos humanos. O filme peca por alguma leveza na criação das personagens, pois além Saint Laurent e as espaços de Berg, todos as outras personagens pouco mais são que estereótipos. Além disso, o filme acaba por se perder em algumas divagações que se revelam infrutíferas.

E apesar Pierre Niney ter um papel meritório e conseguido, não só pela sua mpressionante semelhança física com o criador , Yves Saint Laurent não consegue nunca afastar-se da esperada biografia morna e que na generalidade não reflete em pleno o biografado. A pergunta que se impõe é quem não souber nada sobre Saint Laurent fica ciente da sua genialidade e importância no mundo da moda? Sinceramente, creio que não. Resta agora aguardar pelo trabalho de Bertrand Bonello supere esta primeira tentativa.

O melhor: A cinematografia, e toda a estética do mundo da moda.
O pior: Demasiado morna e preso para expressar toda a grandeza do seu biografado.


Carla Calheiros

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