Sábado, 27 Abril

“The Flats” triunfa no CPH:DOX

 O filme “The Flats”,  que se centra num grupo de personagens de um bairro operário da capital da Irlanda do Norte, cuja angústia do passado violento, tem ainda reflexos na sua condição atual, foi o grande vencedor da 21ª edição do CPH:DOX, nome pelo qual é conhecido o Festival Internacional de Documentários de Copenhaga, na Dinamarca.

O nosso prémio principal reconhece não só a ousadia criativa e conceptual, mas também uma cineasta com a humildade de perceber quando a história ultrapassa o seu enquadramento e tem a confiança de seguir para onde ela e as suas personagens fantasticamente vivas a conduzem. Vivemos num mundo de divisões, fronteiras e portões fechados. Surgindo como uma conversa gritada através de um desses portões trancados, o filme vencedor é um retrato coletivo de vários indivíduos orgulhosos, divertidos e cheios de recursos, que estariam dispostos a morrer pela sua comunidade, mas que, em vez disso, escolhem todos os dias a opção mais difícil, mais corajosa e mais esperançosa de viver por ela“, disse o júri do certame, que incluía Jessica Kiang (programadora do festival Belfast FF e crítica de cinema), Nataša Urban (realizadora e antiga vencedora do Dox:Award com “The Eclipse“), Monica Hellström (produtora), Rémi Bohnhomme (diretor artístico do Festival Internacional de Cinema de Marraquexe) e Carla Gutiérrez (realizadora e montadora).

O júri decidiu ainda atribuir uma menção especial a Two Strangers Trying Not to Kill Each Other’ de Jacob Perlmutter & Manon Ouimet, no qual seguimos Maggie Barrett e Joel Meyerowitz, um casal de artistas idosos que, após um acidente, enfrentam a inevitabilidade da impermanência e procuram uma paz profunda no seu relacionamento enquanto ainda podem.

Noutros premiados do certame dinamarquês, “Black Snow“, de Alina Simone, sobre uma enorme campanha de desinformação estatal numa remota povoação mineira da Sibéria, quando os habitantes descobrem que uma antiga mina soviética se incendiou debaixo do seu bairro, conquistou o F:act Award, secção dedicada à exploração da intersecção entre o cinema documental e o jornalismo de investigação.

Já na secção Nordic:Dox Award, destinada a obras provenientes dos países nórdicos, o triunfo coube a “The Son and the Moon“, o qual acompanha a corajosa viagem da realizadora dinamarquesa-iraniana Roja Pakari, ao longo de seis anos, em que tem de lidar com um cancro, o amor e um projeto de vida de mapeamento da história dramática da sua família. Nesta secção, “G – 21 Scenes From Gottsunda” de Loran Batti, sobre o conflito entre gangues na Suécia, recebeu ainda uma menção especial.

Em terreno mais experimental, “Preemptive Listening“, de Aura Satz, venceu o New:Vision Award, enquanto o Next:Wave Award, dedicado a artistas e cineastas internacionais emergentes, foi para o filme iraniano “Grand Me“, de Atiye Zare Arandi.

Já o Human: Rights Award foi para “Black Box Diaries” da cineasta e jornalista japonesa Shiori Ito, que aborda a sua própria agressão sexual, procurando levar à justiça o agressor de alto perfil. A sua busca torna-se um caso de referência, expondo os sistemas judiciais e sociais desatualizados do Japão.

Finalmente, o prémio do público do certame foi para “No Other Land” de Rachel Szor, Yuval Abraham, Basel Adra & Hamdan Bilal, enquanto o Inter:active Award foi para “Intangible” de Carl Emil Carlsen.

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