Sábado, 18 Maio

Natalie Morales: “uma trama sobre duas pessoas a conversarem pode não ser repetitiva, nem maçadora”

‘Language Lessons’ fala da ‘colisão entre duas pessoas com espaços vazios em comum’

Aos 36 anos, a atriz americana de origem cubana Natalie Morales virou “a” sensação pop da Berlinale 2021 graças a uma comédia dramática sobre a amizade, filmada pelo Zoom: “Language Lessons”.

No filme, ela vive Cariño, uma professora de espanhol que se afeiçoa por um aluno, Adam (Mark Duplass, coautor do guião), que acaba de perder o marido num acidente. De aula em aula, os dois criam um laço que vai além das diferenças culturais que têm. Na conversa a seguir, Natalie explica ao C7nema como o projeto foi concebido.

A sua longa-metragem consegue conversar com toda a tradição dos chamados “buddy movies”, os filmes de amizade, de Dean Martin x Jerry Lewis aos filmes de Adam Sandler e a sua equipa. Mas o quanto essa fórmula do “buddy movie” foi uma referência consciente para si? Que espaço para o improviso vocês os dois tiveram?

Sempre pensamos nessas personagens como duas pessoas com trajetórias autónomas, que entravam em colisão em algum pontoLogo, não foi uma narrativa em que as trajetórias misturam-se passo a passo, como nos buddy movies. Sobre o improvisar… sim, embora a base toda da história estivesse escrita, tivemos que inventar certas falas para encontrar o máximo de naturalidade.

Como foi o processo de edição com a montadora Aleshka Ferrero?

Imagina um trabalho de montagem em que não tens para onde cortar, de onde cortar, pois tudo o que temos são duas pessoas a falar uma com a outra via Zoom? Acompanhei a montagem totalmente a partir do meu computador, sem encontrar-me fisicamente com a minha montadora. Mas tive a chance de ver o filme projetado num grande ecrã. E espero que em junho, na edição presencial de Berlim, as pessoas vejam o filme num cinema, numa grande ecrã, para perceber que uma trama só sobre duas pessoas a conversarem pode não ser repetitiva, nem maçadora.

Como é que as questões de género e diferenças de classe pesaram na conceção das personagens?

Foi intencional a discussão de género porque era inevitável. Nunca vi um filme em que uma mulher dissesse: “não quero um salvador branco”. Acreditei que era importante dizer essa frase. Nós temos, aqui, duas pessoas de contextos de vida distintos cuja empatia vem dos buracos, dos vazios, que têm dentro de si. Toda a gente entende esse buraco. Por isso, as pessoas identificam-se.  

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