Sexta-feira, 19 Abril

“O Colapso” da civilização chega à Filmin

22 de agosto de 2020. Segundo a organização internacional “Global Footprint Network”, a humanidade esgotou nessa data os recursos que o planeta tinha destinados para o ano. A partir dessa mesma data, e segundo dados da mesma organização, já entramos numa fase de “créditos ambientais“, da insustentabilidade, pois já começamos a consumir recursos destinados para 2021.

Não é segredo para ninguém, e grande parte das teorias da conspirações modernas baseiam-se no facto de estarmos num planeta sobrelotado: com 7,8 mil milhões de pessoas a pressionarem os recursos. Ora, até quando os bens que a Terra tem e produz serão suficientes para alimentar e dar vida a uma população humana que não pára de crescer? Essa foi uma pergunta feita ainda na década de 1970,  quando “Os Limites do Crescimento, um livro escrito em 1972, modelou as consequências do crescimento rápido da população mundial considerando os recursos naturais limitados, comissionado pelo chamado Clube de Roma. Os seus autores foram Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, e William W. Behrens III.

Foi também nesse período – embora já antes vários trabalhos tenham sido publicados – que surgiram teóricos do que se chama hoje a “Colapsologia”, que se começou a popularizar em  2015 com o lançamento do livro ”Comment tout peut s’effondrer “(Como tudo pode desmoronar, em tradução livre), do engenheiro agrónomo Pablo Servigne e do pesquisador Raphaël Stevens. Neste best-seller gaulês é definido o colapso do mundo, baseado em estudos científicos multidisciplinares pessimistas que englobam – entre outras – questões climáticas,  energéticas e alimentícias.

Podemos dizer que a série de 8 episódios, com cerca de 30 minutos cada, que chega agora ao streamer nacional Filmin – L’Effondrement (O Colapso)– baseia-se em tudo isto. O colapso dos recursos, da civilização, de tudo como o conhecemos.

Os primeiros sete capítulos são poços de tensão – filmados em intensos plano-sequência -em diferentes espaços e situam-se num mundo onde esse colapso já aconteceu. Começamos num supermercado – já com falta de muitos recursos [o que até aconteceu recentemente, quando estourou a pandemia Covid), e passamos para uma bomba de gasolina, um aeródromo onde um rico tenta escapar ao caos, uma casa de repouso para idosos onde à escassez de bens se acrescentam assaltos ao que lhes sobrava, e até uma fuga além mar de uma mulher desesperada.

É no último capítulo desta série cronologicamente sequencial após o dia do colapso que voltamos antes do evento, onde ambientalistas tentam alertar todos para “O Colapso” que se aproxima, mas são apelidados de alarmistas, anti-tecnologia e obviamente “maluquinhos”, momentos antes de serem detidos.

Perfeito para o binge watching, na linhagem de um “The Road“, de “Jericho” sem explosões nucleares, ou de um “The Walking Dead” sem zombies, pois afinal de contas estamos perante um projeto que no seu total queda-se pelas 4 horas, “O Colapso” é uma sugestão poderosa para tempos de pandemia, onde muita coisa inimaginável – que nos deixa perplexo todos os dias – tem aproximado ficção e realidade.

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