Nem as maravilhas e o desconcerto de um mundo novo são suficientes para fazer um filme valer a pena. Pode-se apostar e investir muito na possibilidade de se ganhar um espectador através dos olhos, entretanto o cinema não é assim tão exato quanto um prato a tentar ganhar um faminto pela barriga.
É custoso entrar de cabeça na viagem ao mesmo tempo futurista e fantástica proposta por Paradise Hills. Apesar de apelativo às vistas com um guarda-roupa digno de fábulas e com cores e prédios lúdicos deste mesmo género, a realizadora estreante em longas-metragens Alice Weddington peca na hora de tecer o seu enredo cheio de lugares comuns e em encontrar a fluidez de seus atores.
Emma Roberts continua a interpretar personagens diferentes da mesma maneira, enquanto Awkwafina é o mais novo exemplo de um casting malfeito e Danielle Macdonald é uma lufada de ar fresco diante de tanta robótica. Milla Jovovich, a veterana do projeto, assim como Roberts, é intérprete do mesmo tipo de persona a cada novo trabalho. Nesta peça é a representação da parcela fantástica entre as personagens, e não apresenta nada de novo à sua bruxaria já visto.
Noutras instâncias, tudo parece inocentemente superficial. O argumento da autoria do também iniciante Brian DeLeeuw e por Nacho Vigalondo é envolto numa camada plástica que impede a flexibilidade daqueles que dialogam e que se escondem por trás de uma proposta de filme “diferente”. A estrutura extremamente formulaica faz com que nada seja novo e tudo seja previsível ao mesmo tempo que enfadonho.
O seu thriller é uma piada e não alimenta nenhum tipo de suspense já que insiste em colocar sua protagonista em situações facilmente resolvidas e rapidamente substituídas por novos problemas facilmente resolvidos, ao mesmo tempo que completa o menu com o tempero de mortes pontuais que não têm a oportunidade de serem sentidas.
Infelizmente, Paradise Hills é um bolo de reality show de culinária, lindo e sem gosto.
Ilana Oliveira
