Antes de mais, o grande pesadelo deste A Semente do Mal está para além das suas incoerências e lugares-comuns petrificados; está no desempenho canastrão de Melissa Bolona, que nos soa como uma versão pornográfica de Isabelle Adjani nos seus tempos de Possessão de Zulawski. Podemos amenizar a dor referindo que a atriz não é nada mais que uma personagem secundária em todo este rol de espíritos possessivos e casais atormentados pelo inexplicável, mas o resto das interpretações pouco se aproveitam.

Aliás, A Semente do Mal, o qual Michael Winnick (de Guns, Girls and Gambling, objeto que inacreditavelmente contou com Gary Oldman) assina, é um protótipo de terror que reúne os elementos da moda do género atual, reciclando o conceito da maldição, o sobrenatural e entidades malevolentes. Um enredo carregado de clichés e de “jumps scares” sem imaginação e posicionamento que entregam ao espectador nada para além da dor de reviver o que não deveria ser revivido. É que o cinema de terror parece ser atualmente reduzido pela assumida referência ou pelo passeio rotineiro num jardim dos horrores, ou seja, dita a veia preguiçosa e (não)criativa. A Semente do Mal fica-se pela segunda opção.

Nem nos façam falar de Delroy Lindo, no papel de um invisual médium que serve como manual de instruções à trama paranormal envolta, porque o filme de Winnick nem merece o esmiuçar cuidadoso de uma análise crítica. O que merece é o Purgatório como condenação dos seus inúmeros pecados, principalmente pela sua contenção e mimetização dos moldes produtivos que afunilam num objeto que faria discretas graças num videoclube. Porém, a estreia comercial, com uma nada digna entrada nas salas de cinema, transformam este maligno, mas igualmente inofensivo, A Semente do Mal, num dos mais (se não o) desengonçados e arrítmicos filmes de terror do ano.