Terça-feira, 30 Abril

«Air Strike» por Jorge Pereira

O lançamento nos cinemas chineses do filme de guerra Unbreakable Spirit – entretanto renomeado de Air Strike – foi descartado após acusações de lavagem de dinheiro na sua produção, escândalo que acompanhou a queda da famosa atriz chinesa Fan Bingbing, envolvida num enorme esquema de evasão fiscal.

O realizador do filme, Xiao Feng, disse que o projeto levou oito anos para ser feito e assumiu publicamente na imprensa que a estreia chinesa era um caso perdido. No ocidente, o filme foi lançado em streaming, mas no que toca à sua qualidade estamos perante um desastre monumental.

Na obra seguimos a 2ª guerra sino-japonesa (1937 a 1945), dando maior realce à história de um coronel americano (Bruce Willis) que treina uma nova geração de pilotos chineses e a um grupo de personagens que transporta um decodificador através de áreas rurais devastadas, na esperança de que seja este o engenho que leve a guerra ao fim.

Construído de forma extremamente melodramática (a banda-sonora puxa à lágrima constante) e com realce para o heroismo bacoco, entregue em diálogos melosos, nada naturais, e profundamente nacionalistas, Air Strike é pura propaganda, de levantamento da moral nacional, que só se estranha ter sido executado agora e não nos tempos em que os factos ocorreram. Há ainda sérios problemas com os efeitos visuais do filme, das miniaturas usadas às sequências de combate aéreo, com umas a revelarem-se razoavelmente conseguidas, mas a maioria a assemelharem-se a trabalhos de animação entre Major AlvegaSky Captain e o Mundo de Amanhã, com menos credibilidade que muitos dos videojogos atualmente do mercado. 

Temos também por lá perdido em correrias Adrien Brody, apenas um corpo presente para dar uma cara do cinema de Hollywood num produto oriental feito para massas acríticas e uma Bingbing genérica sem qualquer alma, engenho ou arte, para introduzir um romance de cordel num pastiche corriqueiro. Na verdade, nem a temática história serve para que o espectador aprenda alguma coisa.

Um filme a evitar.


Jorge Pereira

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