Sábado, 18 Maio

Dhaffer L’Abidine: super estrela do mundo árabe com estreia marcada na realização

Quando se fala no Egipto, ou na Tunísia, de Dhaffer L’Abidine, os olhos brilham e o coração das pessoas abre-se. Se muitos até o apelidam de “Tom Cruise” das arábias, numa conversa que tivemos com este ex-futebolista  transformado em modelo e depois em ator, percebemos que é muito mais do que a comparação clichê feita a alguém do cinema ocidental. 

Na verdade,  L’Abidine tem uma carreira global, destacando-se a sua participação em “Sexo e a Cidade 2”, a série da Netflix “The Eddy” e até – também na TV – “The Looming Towers”, “Transporter: The Series” e “Engrenages” (Um crime, um Castigo), para além de sucessos no Médio Oriente como “24 Carat” e “Bride of Beirut”.

Foi no Cairo que nos encontramos com este ator e entendemos a sua humildade, apesar do estatuto estelar.

Futebolista, modelo, ator e agora uma super-estrela por aqui. Considera-se um afortunado?

Tento seguir os meus sonhos, as coisas que me apaixonam. Algumas coisas funcionaram razoavelmente, outras funcionaram menos, e muitas têm sido fantásticas, mas gostei de todas elas. Tem tudo a ver com seguir o que desejas, com o que sonhas. É o mais importante de tudo. Tento sempre dar o meu melhor, e mesmo quando algumas coisas não funcionaram, ganhei experiência no processo.

E sendo uma super-estrela, sente e tenta ser um modelo para os outros? Para os jovens?

Estou ciente o quão importante isso é, pois as coisas que faço fazem as pessoas olharem mais para ti. Algumas pessoas podem pegar em ti como referência, imitarem-te, mas acho que o importante é ter conscienciência da visibilidade que tens. De como as nossas ações realmente podem afectar a vida das pessoas. Por isso tento sempre fazer o meu melhor, ser um bom exemplo, mas não peço às pessoas para fazerem o que faço. Quando era criança tinha esses modelos, por isso sendo alguém com visibilidade é importante ter consciência disso.

Agora vive no Egito, certo? 

Tecnicamente vivo no Reino Unido, mas estou sempre a viajar, por isso podemos dizer que vivo entre o Egipto e o Reino Unido

E como é agora viajar com a pandemia Covid-19? Muitos testes, não?

Sim (risos). Já percebi que o meu nariz vai ficar maior (risos).

A pandemia afetou a sua carreira, com a paragem das produções?

Sim, estava a filmar uma série chamada “Bride of Beirut” e tivemos de parar durante 3 meses. Já terminamos os trabalhos há 4 dias. Foram 8 meses a filmar, três de paragem, e mais cinco depois. 

Faz cinema, tv. Tem um meio preferido?

Gosto de  tudo o que tenho feito, honestamente. Fiz muita tv recentemente, mas tenho dois filmes a caminho. Um saiu agora, uma fita de vampiros (Bloodline), e estou a terminar um filme de ação, “Spider”, que espero que seja lançado no próximo ano. 

Sexo e a Cidade 2

E como foi a sua experiência em grandes filmes nos EUA, como o “Sexo e a Cidade 2”?

Foi bom. Tenho a sorte de poder trabalhar em dois mundos: no ocidental e no Médio Oriente. Comecei no Reino Unido, estudei aí atuação, e participei em muitos filmes [Filhos do Homem; Centurião, etc]. Gostei de Hollywood, foi uma grande experiência. E é bom fazer as coisas em inglês, francês e árabe.

E trabalhou também com a Netflix, no “The Eddy”. Existe uma grande diferença entre trabalhar com a Netflix e uma estação de TV?

Acho que a diferença está, por exemplo: o The Eddy teve o Damien Chazelle como showrunner e tivemos muita gente boa envolvida no projeto. Um trabalho mais cinemático demora mais tempo na produção, pois trabalhas mais detalhes, há mais qualidade. Creio que é essa a mais valia que plataformas como a Netflix te dão. A máquina está muito bem oleada. Tudo isso afeta o resultado final. 

The Eddy

Mas muitos apontam que a Netflix vai matar os cinemas. O que acha disso?

Acho que hoje em dia com os Ipads, os smartphones e a maneira como as pessoas vivem a vida é sempre a correr. Sempre a olhar para o telefone, etc. É já algo natural. Mas acho que o cinema vai sempre prevalecer, pois é uma experiência além de ver um filme, de juntar família, amigos. Mas sim, vão sofrer um pouco. 

E agora, com o coronavirus? Vai ficar pior…

Sim, agora é mais complicado, mas haverá sempre um espaço para o cinema. Creio que essas plataformas são sim o futuro da televisão.

Também foi júri do Festival do Cairo há dois anos. Como foi essa experiência?

Foi ótimo. Não apenas ver os filmes, como espectador, mas realmente olhar para os detalhes, ver como as coisas funcionam, bem e mal. Também foi bom para trocar ideias com os outros colegas de diferentes locais. Foi uma experiência muito frutífera.  

E tem algum projeto de sonho? Pensa um dia realizar um filme?

Sim. Na verdade estou a trabalhar num projeto. Estou a escrever um filme. Quero realizá-lo em 2021. Será a minha primeira experiência e estou ansioso por isso.

E será um filme de ação?

Não (risos). Um drama social filmado na Tunísia.

Ainda vai frequentemente à Tunísia?


Sim, a minha família está lá. A minha mãe, os meus irmãos e irmãs. Tento ir o máximo que posso.

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