Segunda-feira, 20 Maio

Franck Dubosc: “A tristeza é mais universal que o riso”

Dois anos depois de “Mãe Fora, Dia Santo em Casa, no qual seguíamos um pai forçado a cuidar dos seus filhos porque a esposa partiu de férias, Ludovic Bernard regressa às salas com a sequela, “Mãe Fora, Dia Santo em Casa…Outra Vez!”, novamente um registo de comédia que continua a atrair a atenção dos distribuidores nacionais. “Foi uma experiência boa. Partir para a montanha, ter acesso a paisagens maravilhosas e reencontrar aquelas crianças e família com quem passamos grandes momentos há anos.”, disse-nos o cineasta em Paris no início de 2023. “Eles são quase como uma segunda família. Foi uma bela aventura, ainda mais agradável que a primeira pois agora já conhecemos todos”. 

A mesma opinião é partilhada por Franck Dubosc, um nome maior do fazer rir em francês, presente em sagas campeãs de bilheteiras como “Camping”, inédito em Portugal.  “No primeiro existia um grande pudor no relacionamento com as crianças. No segundo filme esse pudor foi-se. Não são os meus filhos, mas são companheiros de trabalho com os quais foram criados laços de afeto. Agora abraçamo-nos naturalmente, brincamos e trabalhamos melhor as personagens porque as conhecemos melhor. Já fiz várias sequelas de filmes e nelas é sempre mais agradável o ambiente de trabalho e existe sempre mais liberdade.

Mãe Fora, Dia Santo em Casa…Outra Vez!”  foi filmado quase integralmente nas paisagens geladas de Courchevel, uma famosa estância de desportos de inverno na Sabóia, o que representou um enorme desafio, segundo Bernard. “Fazer um filme numa locação cheia de neve exige muita preparação”, explicou-nos. “Temos de lidar com o frio constante e o truque é as crianças nunca sentirem esse frio. É fundamental que eles se divirtam e estejam sempre confortáveis. Quanto à equipa técnica, é semelhante. Filmar num sítio assim é um trabalho muito físico. É fatigante, mas é compensado no dia a dia pelos cenários naturais que deslumbram “.

No mesmo sentido Dubosc frisa a dificuldade que é fazer uma comédia, especialmente nos tempos que correm. “Choramos das mesmas coisas, mas rimos de coisas diferentes. A tristeza é mais universal que o riso.”, diz-nos, sendo completado pelo cineasta: “Nunca é fácil fazer uma comédia. Fazer rir é mais difícil que chorar. Para instigar o choro, metemos um grande plano da personagem, adicionamos uma música e já está. A sala inteira chora. Fazer rir uma sala inteira é muito difícil, tem que ser algo universal. (…) E temos de pensar bem no que escrevemos e nos enquadrar na sociedade que vivemos hoje. Na verdade, em humor creio que depende sempre da maneira como dizemos as coisas. Podemos até ser politicamente incorretos, mas depende da forma como dizemos essas coisas. Há pessoas que podem dizer coisas terríveis, mas não são vulgares a dizê-las. Por isso, temos de ter muita atenção hoje em dia a questões woke ou de género, por exemplo, mas creio que podemos dizer tudo, desde que seja bem enquadrado”.

Já Dubosc é mais cauteloso, relembrando que hoje em dia tem que se ter atenção a tudo o que se diz, em particular nas redes sociais: “Quando escrevemos, temos de ter atenção a essas coisas, mas também consciência que podemos usar isso mesmo para fazer rir as pessoas. Sinto que não temos o direito de dizer o que bem entendermos, simplesmente porque podemos. Quando uma pessoa vai ver um filme e ela sabe que esse humor está lá, é uma escolha individual da pessoa. Nas redes sociais é diferente: elas são um tribunal público”.

Ainda assim, Bernard relembra que a grande ambição de “Mãe Fora, Dia Santo em Casa…Outra Vez!” era ser uma comédia popular. Por isso mesmo, esse humor mais negro, mais de nicho, não podia estar presente.

“Mãe Fora, Dia Santo em Casa…Outra Vez!” estreou nas salas portuguesas a 28 de dezembro.

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