Domingo, 19 Maio

Wu Hai: um Jurassic Park do suspense

Escalado para a seleção de premières americana do Festival de Tribeca, iniciado nesta quarta-feira, pela sua potência plástica, “Wu Hai”, de Zhou Ziyang, surpreendeu o Festival de San Sebastián, em Espanha, em setembro passado, na competição pela Concha de Ouro, com o seu olhar sobre uma China repleta de dinossauros de resina, convivendo com espectadores num parque temático jurássico. Saiu na terra dos pintxus com o Prémio da Crítica, votado pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica.

O meu fotógrafo, Matthias Delvaux, é um belga que mora na China e compartilha muitas ideias comigo sobre a solidão e o abandono deste mundo. Este filme é um estudo sobre sentimentos de desterro que nos espreitam e se apoderam de nós”, disse Ziyang ao C7nema. “O que eu encontro na realidade à minha volta é o individualismo, que cresce de modo exponencial. O meu esforço aqui foi tentar retratá-lo de modo crítico, a partir de suas consequências”.

Zhou Ziyang/San Sebastán

Repleta de tensão, a trama de “Wu Hai” embrenha-se, parcialmente, nesse parque onde um T-Rex e brontossauros fazem a diversão dos poucos espectadores que compram bilhete para visitar as suas atrações. Através da desestruturação de um mundo, vemos os dilemas de Yang Hua e Miao Wei, um casal feliz que vive numa pequena cidade rodeada por uma paisagem desértica espantosa na Mongólia. Dívidas vão dilacerar a paz deles.

Este filme começa com uma imagem documental, retratando uma China que já estamos nos acostumando a ver no cinema, com os dilemas do campo e o caso urbano das metrópoles. De pouco em pouco, vou me desapegando dessa China e entrando num universo que, embora se faça passar por realista, dialogue frontalmente com as cartilhas de género”, diz o cineasta, que nasceu em território da Mongólia, em 1983, e já tinha realizado “Old Beast”. “Gosto do que filões como o thriller nos oferece: a chance de dissecar emoções inerentes à natureza humana a partir de uma estrutura esquemática de perigo. O perigo aqui é o desamor e a alienação”.

Tribeca prossegue até o dia 20. 

Notícias