Sábado, 27 Abril

Adeus Paolo Taviani (1931-2024)

Morreu, esta quinta-feira em Roma, aos 92 anos, o cineasta italiano Paolo Taviani, o mais novo dos dois irmãos Taviani. Juntamente com Vittorio Taviani, falecido em 2018, a dupla assinou alguns dos mais elogiados filmes da cinematografia italiana, contando-se no seu currículo obras como “Padre Padrone” (1977), “Fiorile” (1993) e “César Deve Morrer” (2012), todos eles com questões sociais em destaque.

Nascido a 8 de novembro de 1931, em San Miniato na Toscânia, Paolo estudou, tal como o irmão, na Universidade de Pisa, acabando por abandonar o curso de direito devido a uma crescente paixão pelo Cinema. Segundo consta, foi ao ver “Paisá” (Libertação) de Roberto Rossellini, em 1946, que tal interesse pela Sétima Arte começou.

A dupla começou por escrever e realizar algumas curtas e peças teatrais, até que em 1962, estrearam na televisão com “Un uomo da bruciare”, filme sobre a vida do jornalista e ativista político Salvatore Carnevale, assassinado na Sicília em 1955. A obra estreou no Festival de Veneza, tendo sido consagrado com o Prémio da Crítica.

Um ano depois seguiu-se “I fuorilegge del matrimonio”, um docudrama sobre a lei do divorcio, o filme-mosaico “I sovversivi” (Os Subversivos, 1967), a adaptação de Tolstoi, “San Michele aveva un gallo” (São Miguel Tinha um Galo, 1972) e “Allonsanfàn” (Que Viva a Revolução, 1974) com Marcello Mastroianni.

Em 1977 surge um dos seus grandes sucessos, “Padre Padrone”, inspirado na biografia de Gavino Ledda, a luta de um pai numa Sardenha profunda. O filme passou por Berlim, tendo vencido o Grande Prémio Interfilm, e em Cannes onde para além do Prémio FIPRESCI foi galardoado com a Palma de Ouro.

Em 1986, os irmãos foram laureados com o Leão de Ouro de Carreira, em Veneza. Ano seguinte, realizam “Good morning Babilonia” (Bom Dia, Babilónia), onde o ator português Joaquim de Almeida era um dos protagonistas. Em 2002 conquistaram o Urso de Ouro no Festival de Berlim com um do seus filmes mais aclamados, “Cesare deve morire” (César deve Morrer), onde um grupo de prisioneiros de um prisão de alta-segurança encenam a peça de Shakespeare, Julius César, por parte de prisioneiros.

Maraviglioso Boccaccio” (Maravilhoso Boccaccio, 2015) e “Una Questione Privata” (2017) foram os seus últimos trabalhos juntos. Já sem o irnão, Paolo ainda assinou “Leonora Addio” (2022), escrito por Paolo no meio ao processo de luto com a morte do seu irmão mais velho, o qual lhe valeu o Urso de Ouro em Berlim.

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