Sábado, 11 Maio

«The Kill Team» (Equipa de Assalto) por Ilana Oliveira

Dan Krauss revisita aquele que pode ser um dos seus assuntos favoritos neste Equipa de Assalto, o egoísmo e fragilidade da instituição do exército norte-americano em missões no exterior. 


Esta longa-metragem retrata a mesma história já trabalhada por Krauss no documentário homónimo, a história de um jovem que é confrontado com a falta de moral do seu superior de equipa.

A história é forte, sem dúvidas, baseada em factos reais e um exemplo claro de retratar o macro pelo micro, além de tocar numa das feridas de um dos maiores orgulhos do país — para certas pessoas. Ao mesmo tempo, o filme é enxugado, resumido, diminuto, e aposta em retratar muito de um drama que, a simular uma corrida para o final, é resolvido rapidamente.

Natt Wolf faz o seu melhor trabalho de sempre como Andrew Briggman, e demonstra que pode vir a desenvolver seu potencial dramático. A ansiedade e a pressão externa é declaradamente retratada, ao mesmo tempo que não é referenciada.

Contudo, o filme é de Alexander Skarsgard, que dá a vida ao sargento Deeks. Skarsgard comprova mais uma vez a sua capacidade de interpretação do antagonista que é uma constante ameaça. Numa versão mais contida do seu Perry Wright, na série da HBO Big Little Lies, é ao mesmo tempo o responsável por trazer todo o peso da sequência de cenas nas quais conseguimos descobrir onde Deeks quer chegar: saciar a raiva pelos afegãos.

A construção da sua personagem é, no mesmo nível, construída de maneira a tentar desviar-nos da sua “malvadeza” (sem tentar diminuí-la com o uso dessa palavra), quando coloca-se a conversar com o filho, ou expressar atos paternais de cuidados com os parceiros de equipa do pelotão. Skarsgard é ameaçador com um olhar, com seu modo de andar, e fa-lo sem aumentar a sua voz nalgum tom.

Há o grito, mas o grito é de desespero, quando apercebe-se que não há mais nada o que fazer que o vá proteger de seus atos passados de manipulação e construção de crimes não cometidos, todos para justificar a morte de locais.

Equipa de Assalto tem uma história relevante e que remete a uma sociedade num todo, mas não sabe bem como elencar seus acontecimentos, tendo uma edição básica e nada inventiva, ao mesmo tempo que ostenta duas personagens à altura das suas profundidades.


Ilana Oliveira

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