Domingo, 12 Maio

«Spider-Man: Far from Home» (Homem-Aranha: Longe de Casa) por Ilana Oliveira

Como seguimento cronológico de Endgame, a Marvel trabalha Far From Home somente para cumprir calendário e transforma a sua fórmula – tantas vezes divertida – em algo entediante e perdido.


Vários são os erros de “Far From Home“, um deles, mais sintomático no primeiro terço, é o uso do CGI. Ao tentar trazer para Peter Parker um combo de movimentos à la Cirque du Soleil sem a personagem incorporar seu modo “herói”, o espectador é bombardeado com cenas desnecessárias e descabidas que revelam uma falha não costumeira nos filmes da marca, acabando tudo por ficar extremamente plástico.

Fora do cunho visual, o segundo filme da franquia torna-se mais um daqueles “fantasmas” de ligação entre um começo promissor e o terceiro filme. O argumento peca em tudo que não havia pecado em seu antecessor; as piadas são costuradas à força entre momentos supostamente dramáticos (elas apenas funcionam para o trailer) e o questionamento interno do protagonista sobre quem é ou deveria ser Peter Parker/Homem-Aranha é mais um dos pontos superficialmente cobertos.

Sob a justificação da recente morte de Tony Stark, é construída uma das maiores facilitações narrativas já vistas no universo. Simplesmente tudo está onde deveria estar na hora em que deveria estar. E a culpa não é da construção de cada personagem, muito menos de seus intérpretes, o argumento é, na realidade, uma construção de coincidências.

Quem mais sofre com a “preguiça” que envolve o projeto é o personagem de Mysterio, vivida por Jake Gyllenhal. Envolto num mistério nem tão misterioso sobre a sua índole, a falta de uma motivação bem construída não dá a Gyllenhal um conteúdo decente para trabalhar, tornando-o assim um dos personagens mais esquecíveis desta geração.

Outro erro crasso cometido pela Disney/Marvel aqui é a criação de expetativa sobre uma definição do futuro pós-Endgame, o que não passa de propaganda. A fragilidade dos temas neste segundo filme é algo frustrante, fazendo com que nem no quesito “férias escolares”, “filme de luto” ou “filme de herói”, funcionem em sua totalidade.

Tom Holland, sempre carismático, até demonstra sua capacidade dramática, mas mesmo que esperemos por este desenvolvimento diante dos recentes acontecimentos de Endgame, Far From Home opta por entregar ao público um filme genérico, mal feito e completamente injusto com o produto que tem nas mãos.

Para não dizer que Far From Home é de todo mal, há uma bela sequência psicadélica, Tom Holland continua a ser Tom Holland e MJ começa, pelo menos, a crescer ao público através do trabalho de Zendaya.


Ilana Oliveira

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