Domingo, 12 Maio

«Born in Evin» por Ilana Oliveira

Born in Evin é um documentário sobre uma jovem à procura de respostas sobre a sua infância.

Nascida na prisão de Evin durante a revolta no Irão contra o ditador Khomeini nos anos 80, a realizadora e atriz Maryam Zaree, hoje com mais de 30 anos e cidadã alemã após ter chegado quando criança no país, procura respostas sobre as circunstâncias do seu nascimento, já que os seus familiares não falam sobre o assunto. A trajetória física feita durante o filme demonstra a determinação aplicada pela realizadora para encontrar jovens da mesma geração que a dela e que passaram por experiências próximas, além da implicação da dificuldade em achar pessoas que aceitassem falar com Zaree.

Esta busca incessante entre Alemanha, Inglaterra, França e até os EUA, ajuda na criação de uma ponte entre o filme e o espectador, que não tem muito no que se agarrar. Isto, porque a realidade confrontada por Zaree e a falta da multiplicidade de conteúdo faz com que não haja muito a ser contado, nada além do crescimento interno da realizadora durante o descobrimento do seu projeto, já que tudo é tão perceptivelmente não ensaiado aqui.

Em adição, a história de vida da mãe de Zaree, Nargess Eskandari-Grünberg, é uma fonte inesgotável de possibilidades narrativas: uma presa política enquanto grávida foge do seu país e vive em exílio na Alemanha, e após 30 anos vivendo em uma temporada traumática, ainda fica em 3º lugar nas eleições para a Prefeitura da cidade de Frankfurt. Apesar de não estar aberta para discutir sobre esta altura da sua vida, há uma curiosidade sobre a história que não se conta a partir do ponto de vista escolhido pela realizadora, o que acaba por causar uma competição de temáticas entre aquilo que nos é mostrado, e aquilo que nos poderia ser.

A linguagem do documentário é fielmente seguida aqui, entretanto a relação do seu objeto e do seu objetivo é mal construída a partir do facto de que há um amadurecimento precoce sobre a resolução do problema. Zaree sabe criar a sua atmosfera e ambientação atingindo o seu público emocionalmente. Entretanto, isto é um resultado de factores externos da sua vivência e recorte, e a falta de compromisso para aquilo que é o motivo do seu projeto, culmina em um cliché redundante, no qual o Tempo é quem cura tudo e todos.

Ilana Oliveira

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