Sábado, 27 Abril

Raoul Peck denuncia o racismo “brutal, feio e malicioso” em França

Numa coluna no semanário Le 1, Raoul Peck aborda a questão do ser negro em França, denunciando o racismo sistémico na sociedade.

“A França está em negação e os seus filhos não têm mais tempo”, diz o antigo ministro da cultura do Haiti e realizador deI’m not Your Negro“(Eu Não Sou o Teu Negro), documentário multi-premiado em 2017.

“Os seus filhos ‘adúlteros’ não querem mais esperar. Os seus filhos negros, brancos, amarelos e arco-íris estão agitados ”, escreveu num texto intitulado “J’étouffe”. “A concentração de raiva acumulada todos os dias no coração daqueles que não são parecidos consigo, daqueles que olham para si de fora através do vidro enevoado é imensurável”, acrescenta.

O discurso de Peck – que vive há mais de 50 anos em França – chega numa altura em que os protestos Black Lives Matter estendem-se por vários países, em especial nos EUA, devido à morte de  George Floyd, asfixiado por um polícia branco a 25 de maio, mas também em terras gaulesas, devido a um caso de violência policial em 2016 que resultou na morte de um jovem de origem maliana (Adama Traore) enquanto estava sob custódia das forças da lei. 

Além de mostrar apoio ao movimento Black Lives Matter, Raoul Peck fala num racismo “brutal, feio, malicioso” em ação na sociedade francesa, que ele diz estar em negação em relação ao assunto. Reconhecendo que que é “um negro privilegiado sob todos os pontos de vista”, Peck mostra o seu espanto com a trivialização “de palavras racistas, gestos racistas, decisões racistas e leis racistas”, admitindo que este problema afeta todos, em particular as instituições, empresas e até mesmo a imprensa e os sindicatos.

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