Sexta-feira, 10 Maio

Cinema turco entre o meta e o absurdo

Se na competição internacional, El empleado y el patrón” conquistou a audiência com o seu conto de luta de classes e relações humanas, um pouco como o mais intenso “El Hoyo en la cerca” o fez no terceiro dia no certame, na competição turca surgiram dois filmes que saíram da esfera dos dilemas morais que a maior parte das obras nacionais evidenciaram.

O primeiro foi “Dialogue” de  Ali Tansu Turhan, um exercício metafílmico que começa com um casting e explicação de uma realizadora a dois atores (homem e mulher) dos papéis que vão interpretar num filme. Rapidamente as coisas avançam para o início de uma relação amorosa e o seu fim. Com ecos de “X&Y” de Anna Odell, especialmente no primeiro segmento, o filme rapidamente evolui para o registo romântico onde o silêncio, os olhares e toques são formas muito mais poderosas de comunicação que as palavras.

Dialogue

Totalmente diferente foi “Kerr” de Tayfun Pirselimoğlu. Pintor e escritor, Tayfun é um fascinado pelo absurdo, por isso é inevitável não falar de David Lynch na forma como narra a história de um homem que assiste a um crime e que é tratado como se do criminoso se tratasse. E tudo numa região entregue a uma quarentena devido a ataques violentos por parte de cães vadios. Um filme que transborda política e mensagens nas entrelinhas, mas que o cineasta prefere manter críptico e entregue entre o realismo e o onírico/fantasmagórico para o espectador decifrar.

Nota ainda, e regressando à competição internacional, para “Brighton 4th” de Levan Koguashvili, Premiado em Tribeca, este é um filme sobre a devoção de um pai por um filho, numa viagem entre a Geórgia e os EUA, onde problemas como a adição ao jogo e as dívidas a agiotas ganham uma posição central. E tudo dentro do microcosmos de emigrantes georgianos em Brooklyn, Nova Iorque.

O Festival de Antália prossegue até dia 9 de outubro.

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