IndieLisboa’11: Destaques do dia 10 de Maio

Estamos a chegar a meio do IndieLisboa’11, e à medida que os dias vão avançando, começa-se a notar alguma repetição nas obras no certame.

Esta terça-feira é marcada pela língua portuguesa, havendo vários destaques a fazer. O primeiro é o novo filme de Edgar Pêra. Descrito pelo Screen Daily como a resposta portuguesa a Guy Madin, Pêra apresenta «O Barão», baseado na novela homónima de Branquinho da Fonseca e no conto “O Involuntário”, do mesmo autor,  e com argumento adaptado de Luísa Costa Gomes.

 

Numa mistura do expressionismo alemão com o goticismo americano, a obra retrata a história de um barão, ditador e caciquista, arrogante e controlador, misógino e cruel, uma personagem draculesca raramente vista no cinema português.

Do Brasil, e para além das duas obras de Júlio Bressane presentes na cinemateca, «A Família do Barulho» e «Memórias de um estrangulador de loiras», chegam-nos dois trabalhos com algum interesse. A primeira é «O Céu Sobre os Ombros», de Sérgio Borges, e está presente na competição internacional.

No filme seguimos «três vidas paralelas em luta pela sobrevivência. Lwei, escritor wannabe suicida, incapaz de cortar com o seu papel como pai, luta permanentemente consigo mesmo por mais e melhor. Evelyn, transexual, busca incessantemente a sua identidade sexual, por um lado cerebralmente nos textos de Foucault, Freud e Butler e, por outro lado, fisicamente, pela efemeridade do sexo pago. Murari, artista grafiti, vagueia sem destino pela cidade, incapaz de definir as coisas para si.».

Já a outra obra a realçar é «Os Residentes», de Tiago Mata Machado, um filme descrito pelo festival como «uma mistura de Godard com Pina Bausch que nos delicia os sentidos e nos abre novos caminhos para a reflexão estética.» Com o peso da responsabilidade de terem sido evocados nomes como Godard e Bausch, o filme segue os «residentes temporários de uma casa que vai ser demolida […] que passam os seus dias absorvidos em lunáticos enredos e farsas.»

Finalmente, e já fora da língua portuguesa, realce para «Simon Werner a disparu», de Fabrice Gobert, que passou pela secção «Um Certo Olhar» em Cannes. Com a banda-sonora dos Sonic Youth, este trabalho evoca “Elephant”, de Gus Van Sant.

 

«O Barão»: 21h30, Culturgest (Trailer)