Quinta-feira, 9 Maio

“Dahomey” vence Berlinale

Sintonizado com a mais forte selecção de filmes de origem africana já apresentada no Festival de Berlim nos últimos dez anos, o júri do evento alemão, presisido pela atriz Lupita Nyong’o, atribuiu o Urso de Ouro de 2024 ao documentário “Dahomey”, da franco-senegalesa Mati Diop. É um filme feito entre o Benin, a França e o Senegal pela atriz e realizadora outrora laureada com o Grande Prémio do Júri de Cannes de 2019 por “Atlantique“. A sua nova produção, de 68 minutos, fala de uma série de relíquias que, ao retornarem ao governo beninês expõem a rapinagem promovida pelo jugo colonial. “Para reconstruir uma cultura, precisamos restituir o que é dela”, disse a cineasta.

Coube a um dos mais aclamados realizadores da Europa na atualidade, Christian Petzold, anunciar o nome do gaulês Bruno Dumont como vencedor do Prêmio do Júri por “L’Empire”, uma comédia que brinca com óperas espaciais como “Star Wars”. Já o Grande Prémio do Júri ficou para o catalão Albert Serra anunciar: “A Traveler’s Needs”, do sul-coreano Hong Sangsoo. “Não sei o que vocês viram neste filme”, brincou o artesão asiático, premiado em Berlim de modo consecutivo em 2020, 2021 e 2022.

Empurrado por um hipopótamo transferido da África para a América Latina, “Pepe” valeu a Nelson Carlos de Los Santos Arias o Urso de Prata de Melhor Realização. “A personagem principal deste filme é um fantasma, e ele celebra a imaginação”, disse o cineasta dominicano. Ao premiar as interpretações, o júri coroou Emily Watson como Melhor Secundária pelo desempenho no papel de uma freira implacável em “Small Things Like These”, filme de abertura do festival. O melhor trabalho de protagonista foi o de Sebastian Stan por sua performance em “A Different man”. Ele vive um ator que passa por uma transformação pessoal ao ser submetido a uma experiência transformadora da sua aparência.

Estandarte da nata da Alemanha na realização, Matthias Glasner conquistou o prémio de Melhor Guião por “Dying” (“Sterben”), um dos títulos mais festejados de toda a Berlinale, em função da sua forma de se verticalizar na agonia de uma família em atomização, enquanto um dos seus integrantes rege uma sinfonia. Ao avaliar quem deveria ganhar o Urso de Prata de Melhor Contribuição Artística, Lupita e a sua equipa escolheram o fotógrafo Martin Gschlacht, pelas imagens de “The Devil’s Bath’.

Criada em 2020, a mostra Encounters abriu a sua premiação (avalizada por Tizza Covi, Denis Côté e Lisandro Alonso) com um Prémio Especial do Júri Duplo, atribuído ex aequo a “The Great Yawn”, de Aliyar Rasti, e a “Some Rain Must Fall”, de Qiu Yang. A láurea de realização da seção foi para as mãos de Juliana Rojas, por “Cidade; Campo”. Já o Prmio Encontros de Melhor Filme ficou com “Direct Action”, de Guillaume Cailleau e Ben Russell.

Deliberado por um júri paralelo ao de Lupita, o prémio de melhor filme documental de Berlim foi dado (em unanimidade) ao retrato da erradicação gradual de multidões na Palestina: “No Other Land”, de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor. O filme acompanha ataques diários àquela nação, acirrando um combate histórico. No terreno da não ficção, houve ainda uma menção especial, dada a “Direct Action”, de Guillaume Cailleau e Ben Russell, sobre ativistas n em França

Na Berlinale Shorts, o galardão mais disputado foi entregue a “Un Movimiento Extraño”, de Francisco Lezama, da Argentina. Na seara dos Filmes de Estreia, o Prémio GWFF de Primeiro Filme foi para o Vietname, representado por “Cu Li Never Cries”, de Pham Ngoc Lan.

Notícias