Afinal havia outro Trier a seguir no mundo do cinema e o norueguês Joachim Trier parece dominar o assunto que aborda, apresentando uma perspetiva dramática e depressiva de um toxicodependente em recuperação a tentar integrar-se numa sociedade que não só o olha de lado, como também desconfia do sucesso do seu tratamento (como ele próprio também o faz). Assim seguimos este homem em depressão a sair do centro de reabilitação, a ir a uma entrevista de emprego, a visitar a família e a encontrar velhos conhecidos e novas pessoas.
O revisitar espaços que lhe são comuns levam-no a seguir velhos caminhos, mas mais extenuante que tudo é o cariz de destruição interiorizado por esta personagem, um verdadeiro morto vivo que tenta escapar a um passado que nunca o largará. O início do filme deixa antever o que se segue. É este o primeiro dia da sua nova vida ou o último?
Sem moralismos bacocos ou respostas fáceis, o filme desconstrói assim uma personagem, apresentando em especial a dificuldade em reatar relações e um vazio de objectivos que o alienou de si próprio.
Por tudo isto, «Oslo, August 31th» é um filme duro, muito contemporâneo e que mostra que o cinema europeu tem em Anders Danielsen Lie um ator com que pode contar.
O Melhor: Anders Danielsen Lie
O Pior: O desconforto em ver os passos da personagem
Jorge Pereira |